Quixeloense Arivânio Alves é finalista do prêmio EDP das Artes

18/07/2020

O artista plástico autodidata quixeloense Arivânio Alves, 25, é um dos dez selecionados para a etapa final da 7ª edição do Prêmio Nacional EDP das Artes, com três pinturas que integram a série “As Lobas”.

Arivânio disputou com 456 artistas inscritos. A premiação é realizada pelos institutos Tomie Ohtake e EDP. Segundo o artista, o resultado final e a exposição do anúncio dos três premiados estão previstos para o início de outubro deste ano.

Arivânio Alves, artista plástico autodidata, segue o conceito de Arte Naïf,que desenvolve uma linguagem pessoal do trabalho que faz. O artista participa com o conjunto de obras: “A Cachorra Parindo”, “O Massacre dos cachorrinhos” e “Loba de Rômulo e Remo”. “Essas três telas são em pintura em óleo sobre tela. Todas elas têm o objetivo de falar do massacre feito com os animais, mas trazendo um paralelo com a vida humana, na questão que nós temos nos marginalizado como seres humanos. Eu quis também trazer um paralelo com aquela questão que chamamos ‘vida de cão’. Quando a gente diz que o ser humano está tendo uma ‘vida de cão’, na verdade, ele foi marginalizado de descer ao nível de uma coisa muito maltratada, que é o cachorro. Mas, na verdade, a gente só maltrata o cachorro porque a gente já se marginalizou antes disso e, então, marginalizamos o animal”, comentou.

O artista explica o sentimento que quis passar nos trabalhos, afirmando também que fez uma “referência clara à loba de Rômulo e Remo com relação à sociedade romana, que tem uma enorme influência na nossa sociedade ocidental, na nossa cultura. Então eu faço uma referência aos nossos primórdios culturais”, disse.

O artista retrata o dia a dia dos moradores, os animais, a fé e a religiosidade do sertanejo

Sonho e reconhecimento

Do total de 456 inscrições, foram pré-selecionados 20 nomes, mediante análise de portfólio, desempenhada por um júri composto pelos artistas Arthur Chaves, Dora Longo Bahia e Elilson, e pelos curadores Amanda Carneiro e Theo Monteiro. Após entrevistas individuais por vídeo-chamada, definiu-se a lista dos 10 selecionados. O grupo receberá acompanhamento personalizado da equipe de jurados para o processo de realização das respectivas obras. Este acompanhamento, oportunidade rara para jovens artistas, implementa os critérios para a escolha dos três premiados. A premiação se completa com a exposição dos trabalhos dos 10 artistas no Instituto Tomie Ohtake.

A abertura da exposição e o anúncio dos três premiados com residências internacionais deverão acontecer em 1º de outubro deste ano, data a ser confirmada em função das orientações sanitárias e governamentais a respeito do controle da pandemia da Covid-19, conforme divulgação da premiação.

Arivânio Alves, natural do sítio Poço da Pedra, zona rural de Quixelô, ressaltou ainda que participar da ‘EDP das Artes é mais um passo na sua caminhada de 10 anos de muita luta e muito esforço. “Eu sempre sonhei em estar no Instituto Tomie Ohtake, mas em geral para visitar as exposições. Eu não imaginei nem que entraria lá ou que eu entraria lá tão cedo fazendo parte de uma exposição. Esse reconhecimento está acima do que eu podia imaginar, enquanto artista contemporâneo, jovem que está sendo amadurecido. Eu pensei que somente perto dos meus quarenta anos fosse ter um tipo de oportunidade como essa”, ressaltou, mostrando-se bastante satisfeito com esse feito na sua carreira.

A premiação foi realizada pelos institutos Tomie Ohtake e EDP –

Saiba mais

Voltado para estimular a produção artística contemporânea, o Prêmio EDP nas Artes é dedicado a jovens artistas de todo o Brasil, nascidos ou residentes no país há pelo menos dois anos, com idade entre 18 e 29 anos. A iniciativa, além da premiação, contempla uma série de atividades ao longo do ano, como cursos, palestras, lives e workshops em regiões brasileiras onde o acesso à arte contemporânea é mais restrito.

Conheça os finalistas da sétima edição do Prêmio EDP nas Artes: Arivanio Alves, Quixelô – CE; Davi de Jesus do Nascimento, Pirapora – MG; Emerson Munduruku – Uyra Sodoma, indígena residente em Manaus – AM; Érica Storer de Araújo, Curitiba – PR; Felipe Rezende, Salvador – BA; Gu da Cei, Ceilândia – DF; Hariel Revignet, Goiânia – GO; Luana Vitra, Contagem – MG; Talles Lopes, Anápolis – GO e Yná Kabe Rodríguez, Brasília – DF.

Arte Naïf

O termo arte naïf aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte ingênua, original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que não têm formação culta no campo das artes. Nesse sentido, a expressão se confunde frequentemente com arte popular, arte primitiva e art brüt, por tentar descrever modos expressivos autênticos, originários da subjetividade e da imaginação criadora de pessoas estranhas à tradição e ao sistema artístico. A pintura naïf se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação (uso científico da perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores) e pela visão ingênua do mundo. As cores brilhantes e alegres – fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.

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