Morte de criança venezuelana reacende preocupação com políticas públicas para refugiados

Esse é o primeiro caso de morte envolvendo imigrantes oriundos da Venezuela que chegaram ao município no final do mês de fevereiro.

20/03/2021

A morte de uma criança venezuelana na cidade de Iguatu fez voltar o foco das atenções para as condições que vivem a comunidade refugiada nos mais variados lugares do país, bem como a aplicação das políticas voltadas aos cidadão do país vizinho. Os refugiados chegaram à cidade de Iguatu no final do mês de fevereiro. A bebê de 10 meses morreu na quarta-feira, 17, após dar entrada no Hospital Regional de Iguatu (HRI), em Iguatu. Esse é o primeiro caso de morte envolvendo imigrantes oriundos da Venezuela que chegaram ao município no final do mês de fevereiro.

A criança deu entrada na terça-feira, 16, no hospital, após ser encaminhada pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Conforme a direção do HRI, a criança apresentava quadro de desidratação e desnutrição severa. Foram realizados exames que indicaram um quadro de septicemia (infecção).  Ela teve uma parada cardiorrespiratória, e não resistiu e evoluiu a óbito mesmo após realizados os procedimentos de reanimação.

Anuncia Nata era filha mais nova de um núcleo familiar da etnia indígena Warao da Venezuela, composto por outros dois irmãos. A mãe se encontra grávida de dois meses. A família que divide moradia com outros compatriotas em Iguatu não quis conceder entrevista. O sepultamento ocorreu no cemitério Parque da Saudade com as custas funerárias financiadas pelo poder público local.

O sepultamento da criança ocorreu no Cemitério Parque da Saudade – Foto Divulgação

Acompanhamento

Conforme a Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania o fluxo migratório dos refugiados para a cidade virou sazonal, com circulação constante entre os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A família da criança havia chegado na quinta-feira, 11, fator que dificultou o referenciamento do serviço de abordagem para o acompanhamento. “Eles estão alternando de regiões a cada semana. Como a liderança inicial do grupo que veio para Iguatu não se faz mais presente na cidade, o intermédio do diálogo fica comprometido. Mas nenhum deles está em situação de rua e vem recebendo o amparo por meio dos equipamentos”, afirmou a secretária Patrícia Neilla Diniz.

Ainda conforme a titular da pasta, existe de parte da comunidade venezuelana uma resistência cultural e sincretista no tocante a se inserirem nas políticas de acompanhamento das secretarias locais. “Estamos nos adequando ao trabalho respeitando a religiosidade e os seus costumes, mesmo eles relutando nas orientações que sugerimos. Mas vamos novamente alinhar e avaliar isoladamente o caso da morte desta criança e lançar mais uma frente de acompanhamento com um grupo de trabalho misto”, garantiu.

MP

O Ministério Público, através da 3ª promotoria, adiantou por meio de sua assessoria ter sido provocada quanto à situação de momento em Iguatu, porém não lançou nenhum posicionamento ou recomendação quanto ao caso até a publicação desta reportagem.

Cena do Cotidiano

Segurando pedaços de isopor com frases escritas numa mistura de palavras em Português e Espanhol, eles pedem comida, roupas, fraldas e também dinheiro. Pelo menos quatro famílias de imigrantes venezuelanos passaram a ocupar semáforos, e outros pontos estratégicos no centro comercial de Iguatu, no sentido de receber essas doações. Eles chegaram à cidade no início desta semana. Muitos deles já peregrinaram por estados brasileiros desde que deixaram a Venezuela, ano passado. No Brasil, passaram por Roraima, também por Manaus (Amazonas), e Belém (Pará).

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