Ano de eleição

15/01/2022

 

“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.” – Winston Churchill

 

Ano de eleição, e o que temos se não críticos defensores de ideologias fracassadas e uma massa de gente da mais diversificada, preocupada com o supérfluo, sentindo-se estudiosas de toda sorte de assuntos.

Não debatem ideias, mas, pessoalidades. Atingem seus ”oponentes” ignorando completamente suas bases políticas – onde, aí, precisamente, é que reside o cerne do bom debate (não discussão) político saudável.

As diferenças ideopolíticas são tomadas por uma ira de ”torcedores de partidos”. Como se isso fosse coerente, tal noção é ignorada, não reconhecida, e, nisso, encontramo-nos em uma arena de gladiadores modernos, cujas línguas ácidas e estúpidas disferem golpes no anseio de fazer o outro, vindo ao solo, calar-se mediante os golpes que este segundo também anseia por disferir.

Trazer um debate político ao plano puramente partidário já é, por si só, uma imaturidade precedente das bobagens que ouvimos (não acredito que, de fato, sequer a leitura seja o imperativo categórico destes que assim agem). Repetem chavões que se aprendem facilmente nas faculdades e nos grupinhos militantes: que não ensinam nada que não seja piorar o mundo – que já não está lá essas coisas – tentando, paradoxalmente, melhorá-lo. Denota-se, logo de partida, que a preocupação não é com a verdade pura, mas sim com as suas ”verdades” criadas e aspiradas, onde não há mesura para trazê-las para a nossa realidade contemporânea.

O resultado disso, podemos constatar facilmente no nosso cotidiano e no universo virtual, revelando-se nas redes sociais: sofismas, tautologias e arremedos de intelecto visando ludibriar os incautos desavisados que, coitados, caem no engodo desses charlatões da desonestidade intelectual e política.

Caiam fora! Desconfiem do mundo que lhes apresentam como uma crível ”sociedade de anjos”, onde tudo é belo e romanticamente partilhado. Sabemos que não é bem assim; que nossa natureza não nos permitiria, munidos do bom senso, crer em tamanha asneira.

E como não cair nesse e noutros ”laços do passarinheiro”? Resposta: leiam, meu caros (leiam de verdade, esqueçam a mídia televisiva). É fugindo da ignorância a qual estamos há muito estagnados, que poderemos nos livrar dos inimigos do bom e respeitoso debate, onde a crítica puramente pessoal não se faz mediante o extinguir de argumentos. A crítica pessoal inexiste frente ao intelectual honesto.

Que sejamos conscientes da importância da política enquanto sujeitos da ação, não como bonecos manobrados na dependência do títere da vez. Mantenhamos a nossa atenção na história, para aprendermos mais no presente, para vislumbrarmos um futuro menos fútil.

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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