Liberdade individual

12/03/2022

 

“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.” – Nelson Rodrigues

 

O amigo leitor há muito sabe que sou um entusiasta defensor da liberdade individual. Não penso que o coletivismo, na maioria das vezes, seja salutar ao indivíduo. Ao contrário: o espírito que permeia uma sociedade comunal é precisamente o da perda da identidade em nome de uma homogeneização que, por ser prejudicial, deve ser combatido a todo custo.

Inclusive no que tange a economia, Ludwing von Mises (1881-1973) alertou-nos sobremaneira sobre tais impossibilidades de uma estrutura forte e eficaz proposta por viés socialista, comunista ou qualquer coisa que se assemelhe. No seu aclamado trabalho acadêmico ‘‘O cálculo econômico em uma comunidade socialista’’ (1920), o autor aponta para tais questões de falha de estrutura e um descaso com a realidade do mundo socioeconômico de fato.

‘‘Existem muitos socialistas que jamais estudaram, de uma forma ou de outra, os problemas da ciência econômica, e que jamais fizeram qualquer tentativa de formar claramente algum conceito sobre as condições que determinam a natureza da sociedade humana.  E existem outros que examinaram profundamente a história econômica do passado e do presente, e se esforçaram — baseando-se em seus achados — para construir uma teoria sobre a economia da sociedade “burguesa”.  Eles criticaram livremente a estrutura econômica da sociedade “livre”, mas consistentemente se omitiram de aplicar à economia do controverso estado socialista o mesmo discernimento cáustico que já exibiram em outras análises, nem sempre com sucesso. ‘’

Não digo que não haja casos em que o pensamento e a ordem devam ser direcionadas pensando no coletivismo; jamais disse isso, afinal, políticas públicas e sociais tem características, quase sempre, voltadas, como o amigo leitor deva muito bem supor, para o bem comum de um grupo, com vistas a assisti-lo em sua necessidade imediata.

O erro, na realidade, está em considerar a necessidade de um, como a necessidade de todos. E não é assim que funciona. Detesto relatar o elementar, mas o preclaro leitor há de concordar que existem pessoas que simplesmente ignoram – ou fingem demência – tal questão básica.

Portanto, amigo, nunca é demais atentarmos para os gestores que surgem com similares propostas grupais. Não se deixe enganar, o indivíduo deve prevalecer sobre o coletivo quando este último o conduz à perda da identidade, das características únicas do ser ímpar. Em ano eleitoral, é sempre bom reconhecer os lobos em pele de cordeiro, que posam de preocupados com a humanidade, com ar messiânico, se colocando como a solução socialista (utópica) da vez.

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

MAIS Notícias
Quando a ignorância e o fanatismo recrudescem
Quando a ignorância e o fanatismo recrudescem

  ‘‘A esquerda brasileira — toda ela — é um bando de patifes ambiciosos, amorais, maquiavélicos, mentirosos e absolutamente incapazes de responder por seus atos ante o tribunal de uma consciência que não têm.’’ - Olavo de Carvalho   Que estamos vivendo em...

O reduto dos últimos
O reduto dos últimos

  ‘‘A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados.’’ -  René Descartes Em um mundo idiotizado e idiotizante, poucos são os lugares aos quais possam ser considerados dignos de se fazer presente. A nossa...

A nova era da espiral do silêncio
A nova era da espiral do silêncio

Em uma busca rápida na internet, o amigo leitor encontrará essa expressão, basicamente, na seguinte definição: ‘‘A espiral do silêncio é um conceito desenvolvido pela teórica da comunicação Elisabeth Noelle-Neumann, que se refere ao processo pelo qual as opiniões e...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *