A jornada poética do jovem escritor Lucas Ítalo

31/05/2025

A poesia não é apenas uma forma de arte para Lucas Ítalo, 20, natural de Acopiara e residente em Cariús. É um lugar. Um refúgio. Uma construção íntima de quem precisou aprender, desde cedo, que sentir não é fraqueza – é sobrevivência. Em seu primeiro livro, “Minhas Poesias Profundas”, Lucas transforma suas vivências em páginas que acolhem, que falam, que gritam quando a voz se cala.

“Minha história moldou a sensibilidade que existe em cada palavra do livro”, afirma. “Tudo isso fez com que “Minhas Poesias Profundas” não se tornasse apenas um livro, mas um espaço onde a dor é abraçada, não julgada”. Esse espaço é construído a partir de memórias, perdas, afetos e cicatrizes – como a separação dos pais na infância, os episódios de bullying na escola e os desafios de se reconhecer num corpo que o mundo insistia em moldar segundo padrões irreais.

Criatividade

A infância de Lucas foi marcada por desencontros afetivos e repressões emocionais. Desde muito jovem, ele buscava se expressar por meio da arte: desenhava nas paredes, escrevia em cadernos, mesmo quando isso era visto como “errado”. “Criança só quer amor”, diz, relembrando o desconforto de ouvir perguntas invasivas sobre o pai ausente.

Foi nesse ambiente de pouca escuta e muitos julgamentos que nasceu sua necessidade de escrever – primeiro em silêncio, depois em forma de resistência. O primeiro poema, escrito sobre seu cachorro chamado Guerreiro, revela um menino que encontrava no afeto dos animais o amparo que faltava no mundo externo. “Mesmo com bullying na escola, eu chegava em casa, abraçava o Guerreiro e tudo parecia mais leve.”

Sobrevivência emocional

Antes mesmo da pandemia de COVID-19, Lucas já utilizava a poesia como um escape, uma forma de organizar o caos interno. Com o isolamento, essa escrita se intensificou. “Escrever era como respirar”, conta. Em meio à ansiedade e à solidão, seus versos começaram a ganhar ainda mais profundidade e sentido.

Essa vivência fortaleceu não apenas sua escrita, mas também seu olhar para o mundo. “As experiências que mais me marcaram foram o amor, a dor, a superação e o adeus”, diz. E, acima de tudo, o enfrentamento das projeções alheias: “Pessoas querendo moldar quem eu deveria ser, como deveria parecer. Aprendi a me tornar melhor para mim, não para os outros.”

Lucas escreve principalmente em silêncio. Às vezes, trancado no quarto, mergulha em suas emoções e deixa que elas conduzam a caneta. Outras vezes, o processo é espontâneo – nasce de um cheiro, de uma lembrança, de uma cena vista na rua. “Às vezes, o título vem primeiro. Outras, é um sentimento que me domina.”

Mas o que sempre está presente em sua escrita é a verdade. “Escrevo para me entender e para ser entendido. A poesia só é válida se houver verdade e conexão. Sem isso, são só palavras soltas. Com isso, vira encontro de almas.”

Lucas vê o silêncio criativo não como um inimigo, mas como um alerta. “Às vezes o vazio precisa ser ouvido. Talvez ele esteja ali para dizer que preciso mudar algo, ou simplesmente descansar.” Ele encara esse silêncio como parte do processo, acreditando que é dele que brotam novas ideias, novas formas de sentir e escrever.

A maior dificuldade de publicar poesia, para Lucas, é a exposição da alma. “Escrever é como abrir uma ferida ainda em cicatrização. Tenho medo de não ser compreendido, ou de ser compreendido demais. Mas sigo escrevendo, porque a poesia só vive quando é compartilhada.”

Entre seus autores favoritos estão Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Caio Fernando Abreu. Na música, nomes como Liniker, Elis Regina, Gal Costa, Jão e Lana Del Rey inspiram sua estética poética, muitas vezes lírica e melancólica. No cinema e nas artes visuais, ele encontra imagens que alimentam suas palavras.

Mesmo em tempos de redes sociais, onde tudo parece superficial e passageiro, Lucas acredita na potência da poesia. “Ela floresce nas rachaduras”, diz. Para ele, a poesia é essencial em tempos de crise. “Ela toca o invisível, denúncia, sensibiliza, dá voz a quem foi silenciado. A poesia resiste.”

Futuro

Atualmente, Lucas cursa Psicologia e enxerga na profissão uma extensão da sua arte. “A Psicologia e a poesia lidam com o sentir humano. Ambas me ajudam a compreender e transformar dores.”. Sem um emprego formal por enquanto, ele segue escrevendo nos intervalos da rotina universitária. Já tem planos para novos livros e pretende explorar outros gêneros, como o terror e o romance.

 

Serviço

https://loja.uiclap.com/titulo/ua91199/
WhatsApp: (88) 9.9648-8890
Instagram: @lucasitallo

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