Iguatu vive um novo momento político marcado por tensões, possibilidade de reconfiguração de alianças e mudança no comportamento de parte da base governista. O fato mais recente da crise foi a votação, na última quinta-feira, 5, do Projeto de Lei nº 026/2025, enviado pelo Executivo Municipal, que previa o reajuste da margem de descontos em folha para empréstimos consignados de servidores públicos.
A proposta estabelecia o limite de consignação em 40%, com 5% destinados ao uso de cartão benefício. Representantes do funcionalismo municipal criticaram a medida. Segundo o sindicato da categoria, o projeto foi encaminhado à Câmara sem diálogo prévio ou tentativa de negociação com os servidores, o que gerou forte resistência.
Durante a sessão, uma emenda chegou a ser apresentada, propondo o aumento da margem para 45%, mas o gesto não foi suficiente para acordo. A rejeição do projeto expôs a falta de unidade na base aliada do prefeito Roberto Costa Filho (PSDB).
Os servidores argumentam ainda que a proposta retirava do cálculo das margens adicionais fixos do salário, como periculosidade, insalubridade e anuênio.
Os vereadores Zilfran Ferreira (AGIR), Hugo Lavor (PSD) e Pablo Neves (PSD), até então alinhados ao grupo governista, votaram contra a proposta do Executivo, em consonância com a oposição.
A decisão gerou reação imediata do prefeito, que usou suas redes sociais para expressar descontentamento com o que classificou como “a união do acordão verdadeiro”.
Em vídeo publicado após a sessão, o gestor afirmou haver um acordo entre o ex-prefeito Ednaldo Lavor (PSD) e o deputado estadual Agenor Neto (MDB). Ele também relembrou manobras políticas relacionadas à eleição de Zilfran Ferreira (AGIR) para a presidência do parlamento e à recente votação das contas do Tribunal de Contas do Estado – TCE, sugerindo que o alinhamento entre lideranças estaria por trás da mudança de postura dos vereadores dissidentes. “A política de Iguatu não é para amadores”, declarou.
O movimento é interpretado como um possível ensaio para o cenário eleitoral de 2026 ou até mesmo uma reconfiguração das bancadas no próprio parlamento local. Atualmente, a oposição à gestão de Roberto é formada por quatro vereadores alinhados a Agenor Neto e três a Ednaldo Lavor.
Manifestações
A reportagem procurou Ednaldo Lavor e Agenor Neto para comentar as declarações do prefeito. Até o fechamento desta matéria, apenas o deputado se manifestou em suas redes, rebatendo as críticas de Roberto e fazendo novas acusações contra o gestor por falta de transparência e incapacidade administrativa.
Agenor acusou o prefeito de não conseguir articular a aprovação do projeto e negou qualquer acordo com o ex-prefeito. “O povo de Iguatu sabe quem te elegeu. Ednaldo Lavor largou o candidato dele para te apoiar. Agora você vem tentar enganar o povo?”, afirmou o deputado.
Ele também questionou o silêncio do prefeito sobre supostas irregularidades, como o destino de R$ 180 mil da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e o déficit milionário na transição de governo. O parlamentar ainda mencionou o indiciamento de Roberto Filho em uma investigação da Polícia Federal: “Você está marcando a história como o primeiro prefeito de Iguatu a ser indiciado e que será ouvido pela PF”, completou.
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