
Kleyton Bandeira
Cantor, compositor e pesquisador cultural
No início de 2006, um camarada chamado Seth Kugel, jornalista norte americano, que escrevia para a seção Travel, do New York Times, esteve flanando pelas bandas do nordeste brasileiro e, assim, sem mais nem menos, decidiu conhecer o forró. Não deu outra: encantou-se. Ele acaba descrevendo as suas incursões em duas casas especializadas no forró tradicional: a Sala de Reboco, no Recife-PE, e a Forró da Lua, na cidade de São José do Mipibu, pertinho de Natal-RN.
Na capital pernambucana, enquanto assistia à apresentação de Geraldinho Lins (comparado, pelo jornalista, ao cantor country Garth Brooks), Kugel foi aconselhado a tirar o celular do bolso dianteiro da calça para poder acochar com desenvoltura a dama e não machucá-la.
Foi Chiquinha Gonzaga, irmã de Luiz Gonzaga, que sugeriu que Kugel pegasse a BR 101 e fosse até o estado do Rio Grande Norte dançar na Forró da Lua, que recebia esse nome porque os forrós aconteciam sempre nos sábados mais próximos das luas cheias, na fazenda Bomfim. Dizem que a festa reunia mais de 2 mil pessoas por noite. E assim ele fez.
Chegando lá, a iluminação à luz de lamparinas deslumbrou o visitante (ele jamais tinha visto algo tão belo e original ao mesmo tempo). Ele gostou tanto que, de novo, se arriscou no salão. Chamou uma brasileira que atendia pela graça de Cláudia para dançar ao som do cearense Waldonys.
Quando foi na primeira semana de maio de 2006, o nosso forró, rompendo fronteiras, estava estampado na capa do New York Times com a reportagem “Forró Brasileiro: sob a lua cheia, dançando na batida da zabumba”, assinada por Seth Kugel.
Para facilitar a compreensão do leitor estrangeiro, o jornalista estabelece algumas comparações: “samba e bossa nova são as faces internacionais da música brasileira, e o funk das favelas pode traduzir com fúria o Rio de Janeiro, mas nem a boates mais moderninhas resistem ao forró do nordeste brasileiro”. Ele descreve o nosso forró como a música country brasileira nascida no sertão nordestino. Por fim, ele encerra seu texto afirmando que, depois de dançar com Cláudia, ela lhe disse: “eu consegui fazer os passos, mas os meus quadris simplesmente não sentiram a força do zabumba”. Pra falar a verdade, essa parte final eu não entendi. Vocês entenderam alguma coisa?
Viva o nordeste brasileiro!
Bom final de semana!
0 comentários