Lixão da Chapadinha: quatro décadas sem solução

31/10/2020

Nos anos 1980, quando foi destinado para o bairro Chapadinha, o lixão já era um problema. Uma batata quente que ninguém queria segurar. É o filho abastardo que ninguém quer.

Passados todos esses anos, o problema continua grave. Mas antes é importante esclarecer um fato: o lixão em si não é um problema, a questão é a ausência de políticas públicas que possam ajudar o município avançar no projeto da coleta seletiva, o que valoriza o produto, a formação de cooperativa para agregar os catadores e a instalação dos galpões de reciclagem.

José Herculano de Lima, 46, trabalha no lixão há pelo menos três décadas. Ele chegou junto com a instalação. Já viu e ouviu tudo que podia. Viu os filhos crescerem, ele ficou mais experiente, a cidade cresceu, a demanda de lixo aumentou, mas nunca houve uma solução para o destino adequado e o tratamento do lixo. A esposa de Herculano, Rosimeire da Silva Lima, 42, também é catadora. Ela preside a Associação de Catadores do bairro. Tanto Herculano, como Rosimeire desejam que o lixão, local de onde eles tiram o sustento de casa, tenha o tratamento merecido.

Assim como Herculano e Rosimeire, outras 41 famílias dependem da renda do lixão para sobreviver. Essas famílias geralmente trabalham em grupo e se revezam na coleta de alumínio, plástico, metal, papel e ferro. Separam o lixo em barracos e aguardam os compradores.

100 toneladas por dia

O terreno onde o lixão está não tem mais espaço. Agora os tratores estão tentando espalhar os entulhos para tentar abrir vaga. O local mais parece uma cidade em ruínas. Por onde é permitido caminhar, é possível se deparar com o lixo queimado, resultado das queimas naturais, por gás, temperaturas elevadas e material inflamável. Por dia são despejados no lixão, em média, 8 carregamentos de lixo. Cada carregamento leva em média 12 mil quilos de lixo. Somando tudo, por dia dá uma média de 96 mil quilos de lixo, além dos carregamentos feitos por caminhões comuns pela rodovia CE-282 que liga Iguatu a Icó passa margeando o aterro. Os constantes incêndios na área do lixão levam fumaça para cima da pista de rolamentos. Há momentos em que a visibilidade no local baixa a zero, aumentando o risco de acidentes.

O gás metano que a gente deseja ver aproveitado, mas até agora nunca teve serventia nenhuma, poderia estar abastecendo todos os órgãos públicos do município e até doado para famílias carentes. Como não existe nenhum meio de aproveitamento, por enquanto o gás só queima e faz a vida das pessoas virar pelo avesso, quando a coluna de fumaça desce o morro levando dióxido de carbono e centenas e mais centenas de componentes tóxicos jogados sobre a cidade.

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