Manhãs de dezembro: aquela sobre divisões

12/12/2021

Pablo Bandeira

 

Semana passada vocês me acompanharam falando sobre que esquecer, muitas vezes, é um favor que a gente se faz e eu realmente queria ter algo muito bom para falar sobre as despedidas, os clássicos clichês de amor ou trabalho que fecham as portas semana sim, semana não.

Seja na minha na minha casa, no escritório ou nos papos da vizinhança, não tenho. E o clima “everybody loves you when you’re not here” que permanece perto dos fins sempre me causam uma irritação tremenda.

Tudo bem que a irritação, consequência daquele arroubo afetivo faz parte de qualquer boa despedida, mas não vamos nos esquecer que algumas despedidas demoram para chegar. De olhar e de ouvir, não dá para saber se estamos perto de novos começos ou de finais fatídicos. O tempo se enrola e pede um afago a mais. Saudade.

Falando em saudade – essa mistura que coloca português e espanhol para dançarem juntos -, a gente vai revelando para as pessoas como nos comunicamos nesse lugar. Eu sempre fui muito apegado às fronteiras, lugares de divisão, onde as pessoas, mesmo sem querer acabam criando práticas de aproximação – a saudade é uma delas. Esquecer também.

O que fica então, muitas vezes, é a dificuldade de se comunicar com quem está para lá da nossa fronteira. Mas a gente se estende em direção ao outro e tenta. Tentamos nos inteirar dos assuntos dos jovens – e eu só tenho 22 anos! – ainda que sejam a cada dia mais incompreensíveis. Nossa experiência, definitivamente, é outra e isso nos faz perceber o quanto somos meio cringe.

Buscamos um meio do caminho para conversar com pessoas de uma cultura diferente ainda que erremos as pronúncias todas. A gente tenta. Ainda que digam que é ridícula essa posição que se manifesta na mistura.

Às vezes o que não dá para entender é o que está do lado de dentro. É tentar a comunicação com algum passeante na rua quando estamos nos altos de um hotel onde possível ver a avenida. Mesmo estando ali, nos mantemos por algum tempo sempre inacessíveis, hasteando preços proibitivos e uma saudade terrível.

Não entender ocupa muito tempo. Saudade então? Gasta processamento mental. Cansa as vistas. Eu falo menos justamente para evitar o custo de escorregar na tradução do que é interno. Vai ficando tudo quieto demais, um silêncio. Quem dera fosse meditação e antes fosse algum tipo de retiro espiritual ou voto de silêncio monástico.

É que a saudade é uma espiral. E sair dessa espiral sempre vai ser um alívio.

Um beijo,

Pablo.

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