
Máquinas fizeram a intervenção no local
As chuvas que banharam o município de Iguatu na terça-feira, 13, e na quarta-feira, 14, evidenciaram um problema antigo: a falta de estrutura de escoamento das águas. Nessa última semana, ruas e casas dos bairros Areias II e Cajueiro I e II foram invadidas e os moradores sentiram as consequências da falta de aplicação de políticas mais efetivas de saneamento.
Nos últimos quatro dias, choveu 244mm na cidade e o volume acumulado trouxe transtornos para moradores da sede e de áreas rurais, com pontos de alagamento, ruas intransitáveis e invasão de água nas casas. Durante esses primeiros 15 dias de abril, já choveu 94% de todo o esperado para o mês.
Os moradores afetados realizaram um protesto interditando por quatro horas uma das vias da Avenida Perimetral (Perímetro Urbano da CE-060) com pedras e pneus. A manifestação teve por objetivo chamar a atenção das autoridades governamentais para o problema.
Equipes da Defesa Civil, Guarda Municipal e outros órgãos da Prefeitura Municipal prestaram ajuda, desde o início da semana, para a população que teve suas casas alagadas. As equipes foram responsáveis por mudanças, remoção de veículos e assistência em geral. Também esteve presente a Secretaria de Assistência Social, prestando serviço de orientação à população, cadastrando famílias em vulnerabilidade social.
Diversas pessoas alegaram prejuízos com as enxurradas. “Acordei com a água entrando na minha casa. Nunca imaginei passar por isso. Foi preciso proteger meus móveis pra evitar um prejuízo maior, mas acabei perdendo parte deles”, contou Alan Fernandes, morador do Bairro Areias II.

O município interviu em uma das passagens da água visando melhorar o escoamento –
Supermercado
O problema já era uma constante na vida dos moradores da região, porém é alegado que com a construção de um empreendimento comercial na área, no ano passado, a situação foi agravada. “A gente está precisando de uma ação concreta, que libere a água. Participei das discussões para liberação de laudos para a construção do supermercado, estamos pagando por um erro que não é nosso”, afirmou Francisco Brás, morador do Cajueiro II.
O município e a rede de supermercado Assaí informaram para a reportagem que houve um erro de execução do projeto de escoamento da água que foi aprovado pela Prefeitura, cujas manilhas ficaram mais altas do que o nível do leito das ruas. A empresa garantiu refazer o serviço através da construtora responsável pela obra.
Como medida paliativa, o local foi desobstruído. Máquinas escavadeiras auxiliam no aceleramento do percurso das águas acumuladas. “De forma emergencial, criamos um grupo de contingência com secretários e operários para avaliar a situação e realizar serviços provisórios. Uma retroescavadeira fez a abertura de pontos de escoamento de água pluvial”, afirmou Jocélio Viana, secretário de Infraestrutura.
O empreendimento foi alvo de discussão e motivo para aflorar ainda mais o acirramento político local. Oposição ao atual governo municipal alegou que o supermercado foi construído em área de lagoa. Por sua vez, o município alega que laudos do estado atestaram que a área não era de características de manancial. O poder público local declara que as chuvas em volume acima do esperado, e loteamentos abertos em áreas indevidas, sem cumprimento do plano de fluxo de saneamento contribuíram para o quadro atual. “Já temos um projeto que vai ser financiado por recursos internacionais. Nele pensamos intervir nesses bairros para melhorar o escoamento e pôr fim a esses problemas”, declarou Jocélio.
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