Seu Francisco mantém atividade de soleiro há 60 anos

14/08/2021

Em Iguatu, uma tradição de fabricar chinelos em couro, consertar e até fazer selas manualmente para cavalos ainda é mantida pelo agricultor aposentado Francisco Bezerra, 81 anos, sendo 60 deles dedicados à atividade de soleiro, que trabalha com solas e couro. Natural de Jucás, o agricultor ainda jovem dividia o trabalho na roça, onde também aprendeu a trabalhar com couro.

“Comecei fazendo selas, consertando ‘suador’, fazendo tudo e comecei essa profissão. Mas, sempre trabalhando na roça”, comentou seu Francisco, enquanto cortava couro, trançando tiras de couro para fazer cabrestos das sandálias. Tudo feito manualmente por ele. A técnica é sempre a mesma, fazendo do mesmo jeito que aprendeu. Se for preciso ainda hoje faz selas, mas atualmente o trabalho é mais voltado para o conserto. “Mas agora está parado, difícil vender. aqui só pra entreter. Meus filhos estão casados, tomam conta de suas vidas, das famílias deles. Aqui é só pra entreter mesmo. Tem semana que não aparece nada. Não vende nada. O sistema está tão difícil, tão seboso. O mundo hoje está virado. Essa época está muito ruim para nós. Como é que um pobre vive hoje desse jeito? Já foi bem melhor pra gente pobre. Não tem nada pras pessoas” lamenta, sem desconcentrar do trabalho delicado em cortar o couro.

Uma sandália para ficar pronta varia entre duas, três horas. O par é vendido por R$ 20,00. Os clientes são ainda alguns velhos conhecidos, moradores da zona rural. “Eu faço sandália pra qualquer pessoa. É toda feita de couro, com sola de borracha. Dura uma vida. Mas conserto sapatos, tênis, faço tudo que aprendi com essa profissão”, afirma.

Tradição

A pequena oficina é montada ao lado da casa, na avenida Fransquinha Dantas, onde todos os dias bem cedo seu Francisco já está no ponto. O trabalho vai até o final da tarde. Seu Francisco é um dos últimos soleiros em atividade em Iguatu. As peças rústicas são ricas no acabamento, recebem detalhes marcados no próprio couro que deixam o produto mais bonito. Seu Francisco persiste na atividade mantendo a tradição. Pretende continuar até quando puder cortar o couro e tiver saúde. “Já tomei as duas doses da vacina. esperando tomar só a da gripe. Mas estou me cuidando. Pretendo viver e continuar por aqui bem mais, orgulhoso do trabalho com o qual consegui manter a família”, finalizou.

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