DIVINUS PLATO

11/06/2022

“Vestra vero, quae dicitur vita, mors est”

Cicerus, in- Somnium Scipionis

Sócrates – Pois bem, aquilo que, como tu dizes, procuras há muito tempo está debaixo dos teus olhos.

Filebo – Como?

………………………………………………………………………………………….

 

Por toda a vida li Platão e ainda o leio. Nem sempre o labirinto da dialética socrática nos mostra um trecho claro como este que citei. É do diálogo Filebo, no qual se discute qual deve ser o sumo bem para o homem. Filebo e Protarco defendem que é o prazer. Sócrates afirma que é a sabedoria.

O melhor entendimento de Platão é o dos velhos, assim como eu. Ler o divino ateniense na juventude é desperdiçar sementes… é não ver tesouros… é ser cego na Caverna.

Quanto tempo tateamos na escuridão dos Sentidos? E olhamos sem nada ver. Os cheiros não são perfumes; manjares são abominações; sons são ruídos, não música; o que tocamos se nos desvanece…

É que nossos caminhos pertencem à Matéria. Rotas para o precipício; trilhas do Erro. A Criança precisa encontrar o Velho.

Mas é dorida a procura da Beleza, da Plenitude que perdemos. Nunca a encontraremos, hoje tenho certeza disto, no turbilhão dos prazeres. Este vinho da terra nunca nos saciará. Que orgasmo tão profundo e tão forte, mesmo que com Helena ou com a própria Vênus, não nos deixará tristes e traídos depois?!

É torturante olhar através das janelas acorrentados como estamos. Pesa-nos o Cárcere. Pendemos para a terra e para o pó. Mas felizmente temos lampejos da Perdida Paz. Centelhas luminosas…

O que devemos fazer então, enquanto estamos aqui cumprindo a existência? Um conselho vos dou. Procurai distinguir sempre e em tudo o que são Lumina (luzes) e o que são tenebrae (trevas). É fácil perceber, mas muito difícil seguir. Tudo o que é do espírito são luzes; tudo o que é da matéria são trevas. O mundo material é verdadeiramente demoníaco; estavam certos os Gnósticos.

E tentemos lembrar; lembrar é tudo.

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

MAIS Notícias
Nomen Est Numen
Nomen Est Numen

No segundo ato, cena II de Romeu and Juliet Skakespeare escreveu: What’s in a name? That which we call a rose by any other name would smell as sweet.” É uma das falas da doce Julieta. Ela interroga sobre a importância de um nome e diz que uma rosa chamada por outro...

VESTIGIA
VESTIGIA

Sócrates, conforme os escritos de Platão, foi o principal veiculador da teoria da Recordatio animae. A teoria da Recordação. Possivelmente as raízes mais pretéritas dessa profunda teoria encontram-se na esotérica religião egípcia, a qual foi assimilada por Pitágoras e...

Devaneios Machadianos III
Devaneios Machadianos III

“The rest is silence...” Skakespeare   No dia 11 de setembro de 1859, Machado de Assis escreveu: Afinal tudo isso desaparece como fumo que o vento leva em seus caprichos, e o homem à semelhança de um charuto desfaz a sua última cinza, quia pulvis est. Aqui não é...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *