Para lembrar o Dia do Veterinário comemorado em 09 de setembro, nesta edição o A Praça traz para o leitor entrevista com o médico veterinário Vicente Gregório Leal, um dos profissionais veteranos da área da veterinária em Iguatu e região. Os gargalos da profissão, a convivência com o universo pet no dia-a-dia, o amor pelo faz e o reconhecimento da sociedade, são temas abordados na conversa com Gregório Leal, médico dos bichos
A Praça – Por que o senhor quis ser veterinário?
Gregório – Porque meus pais, por serem pecuaristas, eu sempre tive um contato muito próximo com os animais, tanto com animais de produção como com animais de companhia.
A Praça – Para ser um bom veterinário é preciso, antes de amar a profissão, amar os animais?
Gregório – Para ser um bom profissional, primeiro de tudo, você tem que amar a causa. Então, desde cedo, eu tenho esse amor pelos animais, por isso a vontade de ser médico veterinário e essa dedicação.
A Praça – Como é sua relação no dia-a-dia com os bichos?
Gregório – É constante, porque em casa tenho 06 animais: 03 cães e 03 gatos, na Arca de Noé tenho mais 01, durante o dia na clínica, o atendimento é constante, além de ter mantido o vínculo com a pecuária. Nesses 30 anos de profissão, o mais necessário para o animal é o amor. Sempre que o animal chega na clínica, ele está muito assustado e excitado, inseguro por ser um ambiente estranho, diferente, e quando você abraça esse animal, transmite esse amor e lhe passa segurança, ele muda totalmente o comportamento. Então, a convivência é constante.
A Praça – É verdade que existem laços de afetividade entre veterinários e animais, criados naturalmente? Já aconteceu com o senhor? Pode citar algum caso específico?
Gregório – Sim, existe de fato. Essa simbiose entre animal e veterinário é muito interessante, é criado um vínculo muito forte. Uma vez eu cheguei na fazenda do meu pai, e um touro muito bravo estava sentindo muita dor em função de um corpo estranho na cavidade oral. E era um touro que todos temiam por sua valentia. E eu fiz os procedimentos necessários e após essa situação ele ficou meu amigo natural, sempre que eu chegava na porteira do curral, ele vinha para eu coçar a cabeça, como uma forma de agradecimento por aliviar a sua dor. Então, eu convivo todos os dias com os animais e existe essa simbiose, não com os veterinários, mas com todos que lhes dão amor.
A Praça – O que o senhor acha do voluntariado desenvolvido pelos profissionais veterinários com os animais abandonados?
Gregório – É fundamental. Porque além de você proporcionar o bem-estar àquele animal, independente de ele ser um animal que tenha ou não um lar e um tutor, estamos contribuindo também pela saúde geral da população. Ainda bem que temos anjos que se dedicam a essa causa.
A Praça – Na sua opinião, o que está faltando acontecer para que a gente tenha menos animais abandonados nas ruas, diminuindo também o leque de problemas que isto acarreta, que vai desde a reprodução aleatória, atropelamentos e a transmissão de doenças?
Gregório – É necessário que sejam intensificadas as castrações, associado a uma maior conscientização das pessoas no que se refere à Posse Responsável.
A Praça – Na sua casa, sua esposa Tereza também é veterinária, foi uma coincidência ou aconteceu naturalmente o encontro entre vocês médicos, veterinários, com a mesma vocação profissional?
Gregório – Acredito que nada na vida acontece por acaso. Fui realizar o meu estágio supervisionado na Universidade Federal da Bahia e ela foi minha orientadora. Criamos um vínculo muito grande e, a partir daí, iniciamos o nosso relacionamento. Casamos, temos 02 filhos, o David que é arquiteto, e a Milena, que está seguindo nossos passos e se forma em Veterinária no final do ano. E hoje, o que me deixa feliz e realizado, sabendo que nada acontece por acaso, é que minha filha, estando concluindo o curso de Medicina Veterinária, dará continuidade a esse trabalho que já faço a 30 anos, trazendo inovações, novas tecnologias, com o avanço da Medicina Veterinária, trazendo tudo isso para a cidade que eu escolhi viver, que é a nossa querida Iguatu.
A Praça – Neste dia 09 de setembro, foi comemorado o Dia do Veterinário. O senhor gostaria de citar o nome de alguém, cujo pessoa sempre foi fonte de inspiração para o senhor em sua trajetória profissional?
Gregório – ‘Sem querer puxar a sardinha para o meu lado’, mas a minha grande fonte inspiradora foi a doutora Teresa Cristina, por ter sido minha orientadora, com quem eu aprendi muito durante o meu estágio final, pela sua empolgação com a nossa profissão, pelo seu profissionalismo, pela bagagem que trazia com suas pós-graduações, incentivando muito a ser o profissional que sou.
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