O adeus a Juarez Gomes, ex-prefeito de Iguatu

12/06/2021

O ex-prefeito de Iguatu e comerciante Juarez Gomes faleceu aos 91 anos de idade.

Nesta semana Iguatu se despediu de um dos seus gestores mais austeros, o ex-prefeito Juarez Gomes, que faleceu, aos 91 anos. Era filho natural do município de Cariús e foi prefeito de Iguatu no período de 1962 /1966.

Juarez Gomes faleceu em casa, na segunda-feira, 7, por volta das 19h, em decorrência de complicações neurológicas por causa de um AVC-Acidente Vascular Cerebral. Por conta das sequelas deixadas pela doença, Juarez ficou um período internado no Hospital Geral de Fortaleza-HGF e há cerca de três semanas havia recebido alta hospitalar e retornado para casa. No período em que ficou internado, enfrentou três cirurgias na cabeça, uma pneumonia, insuficiência renal e por último havia sido alcançado pela Covid-19. A família acredita que este possa ter sido o fator complicador da morte do ex-prefeito. O filho Juarez Júnior estava com o pai nos últimos segundos de sua partida. Foi na mão de Júnior que Juarez segurou, pela última vez para num gesto, dizer adeus, ou até breve.

Por causa da pandemia e para evitar qualquer tipo de aglomeração, a família decidiu que o sepultamento fosse feito mesmo na capital, onde o ex-gestor residia. Foi sepultado na terça-feira, 8, no cemitério Parque da Paz, numa cerimônia simples e restrita aos familiares.

Trajetória

Vocacionado para o comércio, Juarez Gomes sempre militou com habilidade neste meio. Desde que deixou Iguatu, após concluir seu mandato, voltou a se dedicar à vida de comerciante. Ultimamente estava lidando com uma fábrica de malharia. Na última vez em que esteve em Iguatu, para receber homenagem no Rotary Club, com o troféu Roberto Costa, ele estava administrando uma pequena fábrica de molho de pimenta. Era um passatempo que amava, segundo revelou o neto Felipe.

Um dos grandes feitos de Juarez Gomes para as instituições filantrópicas foi a doação de um terreno de sua propriedade para o Rotary Club, local onde hoje fica atualmente o parque de exposições e a sede do Rotary.

Enquanto administrador do município, Juarez Gomes doou toda a sua remuneração do cargo de prefeito. Quando assumiu os destinos do município, já era um empresário bem-sucedido. Como gestor nunca usou a estrutura da administração pública para fins pessoais. Foi no governo dele que chegou a Iguatu a energia de Paulo Afonso e as primeiras obras de saneamento para a cidade, com a colaboração do então governador Virgílio Távora.

Legado

De acordo com o historiador e jornalista Wilson Holanda Lima Verde, Juarez Gomes foi prefeito de Iguatu, no período de 1962/1966, tendo como vice-prefeito o professor Raimundo Felipe (saudosa memória). Wilson Lima Verde lembrou que ele foi um gestor de muita relevância para o município, haja vista que ajudou a fechar um importante ciclo socioeconômico, quando deixou o município às portas dos áureos anos 70. De acordo com Wilson Lima Verde, Juarez, enquanto empresário, fundou o grupo empreendedor ‘Gomes’, dono de um aglomerado de lojas (Armazém do Povo, Agromércio, revendedoras de automóveis da Wolks, Chevrolet e Willys). Presidiu por duas vezes a Associação Comercial, Industrial e Agrícola-ACIAGI. Segundo o jornalista, Juarez promoveu e impulsionou o desenvolvimento do município, colocando Iguatu em elevado patamar de prosperidade. “Era dele o slogan: ‘Iguatu, a cidade que mais cresce na região”, lembrou.

Amigo pessoal do então governador do Estado, Virgílio Távora, Juarez ajudou a promover o município do qual era gestor, usando para isso os eventuais espaços no rádio, jornais e revistas dando destacado impulso a todas as obras sociais da cidade. “Foi um grande prefeito da cidade de Iguatu, e um grande comerciante, com relevante destaque no seio das unidades produtoras do estado. “A ele, nós levantamos um culto, de saudade, respeito, admiração, pelo que ele foi em prol do desenvolvimento de nossa cidade e da nossa região e do Ceará, enfim”, finalizou Wilson Lima Verde.

O intelectual, escritor e jornalista José Hilton Montenegro expressou em nota seu pensamento sobre o ex-gestor, através de nota. De acordo com Hilton, Juarez Gomes era um administrador dinâmico, empreendedor e de grande prestígio perante o Governo Estadual. Construiu escolas, praças, chafarizes etc., em todo o município de Iguatu, tanto na zona urbana como na zona rural. Era um administrador nato que não “concluiu” efetivamente o mandato devido a um ato administrativo não permitido por lei, tendo assim que requerer licença do cargo de prefeito no último ano do seu mandato. Após esse episódio, afastou-se definitivamente da política. “Na minha concepção caso Juarez Gomes tivesse permanecido na prefeitura e na política, a cidade de Iguatu teria tido um brilhante político canalizando obras para o seu desenvolvimento”.

Família

Juarez Gomes era casado há mais de 50 anos com Maria Mirian Boaventura Gomes, também filha da mesma cidade que ele, Cariús. Deixa a esposa e um casal de filhos, Maria Moema Gomes Bordignon e Juarez Gomes Júnior. Genro (Ronaldo), nora (Cláudia), quatro netos (Marcel, Camila, Marina e Felipe), duas bisnetas (Sarah e Júlia), inúmeros afilhados e amigos que eram apaixonamos por sua alegria, simplicidade, irreverência, autenticidade e carisma.

O amor que construiu com as irmãs, aos que tinham seu contato, fez a alegria e admiração de muito, entre eles, os amigos Lindenor, Ciro Moreira, Mansueto Barbosa, Valmir Magalhães, Juracy, entre outros. Deixa muito saudosismo entre aqueles que sempre fizeram parte do seu círculo de amizade e família.

Juarez Gomes, com o filho Juarez Júnior, em momento descontraído, em casa, foto captada recentemente, antes do ex-prefeito adoecer

Juarez, com a esposa, Mirian Boaventura (E) e a filha, Moema Bordignon

“Meu Pai,

Uma casa onde muita gente entrava e saía. Para uma menina de 5 anos, era tudo muito estranho. Quem era aquela gente toda? Eram as pessoas que acreditavam que meu pai poderia trazer o progresso. Eu tinha um irmãozinho de 1 ano e minha jovem mãe se dividia entre atender às pessoas e nos dar atenção. Vejo hoje que meu pai com 32 anos, um jovem visionário, ansiava em melhorar a vida do seu povo. Ele era apaixonado pela cidade e pelos amigos. Em 1962, aquele jovem, ganhou uma eleição, sem nunca ter sido político, apenas falando ao povo o que ele sonhava para o futuro da cidade de Iguatu. Assim que assumiu, ele abriu mão do salário de prefeito, do carro oficial e se dedicou à cidade e às empresas que ele possuía. Me lembro muito do dia que tivemos energia elétrica. Não aquela de gerador, que acabava às 21h. A hidrelétrica de Paulo Afonso tornou possível que tivéssemos geladeiras que não fossem movidas a querosene! Depois disso, tinha muito sonho para sonhar! Veio a Biblioteca Pública, os Jardins de Infância, as creches, o Parque de Exposições, O Rotary Club. Minha memória me trai. Porém tem um episódio, esse vale destacar, porque ali eu realmente pude ver um gestor, um homem preocupado com seu povo e um ser humano generoso. Tivemos uma chuva, como nunca se viu igual. Choveu 100mm em um único dia. A lagoa da Bastiana pegou muita água e muitas famílias ficaram desabrigadas. À noite, lembro de meu pai exausto, tentando abrigo para todos, chegando em casa e perguntando para minha mãe: “quantos podemos receber aqui em casa?” Minha mãe disse que o tanto que a casa comportasse. Não sei como, mas em questão de horas, tínhamos umas 12 famílias sob nosso teto, para abrigar e alimentar. Para mim, foi uma alegria, pois tinham muitas crianças e a brincadeira foi grande. Isso ficou tão marcado em minha memória, que quando fecho os olhos, me vem nítida a imagem daquela criançada correndo no jardim, sem se dar conta da tragédia que era ficar sem lar. A Prefeitura ajudou-os a retornar com segurança. Aqueles dias estão vivos em mim, pela generosidade do meu pai.

Uma marca registrada desse homem que a vida me presenteou como pai era seu amor à família e seu coração generoso. Ao homem Juarez Gomes, todo meu amor e toda minha gratidão!”

Maria Moema Gomes Bordignon 

“Amigos conterrâneos, saudações,

Agradeço ao nosso jornalista J. Guedes pelas homenagens prestadas a meu pai e pela oportunidade de acrescentar alguns registros a essa matéria.

Pensando como ele, imagino fazer esse registro e homenagem misturando sua vida com sua relação com a cidade de Iguatu. Essa foi a cidade que ele adotou, tendo sido berço de coisas maravilhosas na sua vida. Em Iguatu, ele encontrou a sua vocação como profissional comerciante, através dos negócios do pai. Conheceu e consolidou suas maiores amizades, uma longa lista, que apresento alguns como: Lindenor Osterne, Juracy Oliveira, Raimundo Felipe, Ciro Moreira, entre outros. Nessa mesma cidade constituiu sua família, seus dois filhos aqui nasceram.

Pelo amor e zelo à cidade e ao seu povo viveu uma experiência política, com desprendimento e muita dedicação. Cristão, trabalhou na consolidação da Igreja na cidade. Mas o melhor de toda essa experiência foi, apesar dos negócios terem exigido sua mudança com a família para Fortaleza, ele nunca ter se distanciado da vida da cidade e das pessoas, essas que da minha infância até bem pouco tempo, eu via ratificando a gratidão e o carinho por ele, nos diversos abraços e cumprimentos que recebia quando andava na rua. Assim, fazer essa homenagem a meu Pai é agradecer à cidade de Iguatu e ao seu povo abençoado por tudo que fizeram por ele!! Muito obrigado!!”

Juarez Júnior

 

 

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