Filosofando com Pondé

26/06/2021

Há alguns anos, li alguns livros aos quais, mediante o tempo exíguo, acabei por somente agora discorrer sobre as suas substâncias elementares. Pois bem. Debrucei-me especialmente sobre “Contra um mundo melhor”, “Guia politicamente incorreto do sexo”, “Guia politicamente incorreto da filosofia” e “A era do ressentimento”, todos da autoria do filósofo pernambucano Luiz Felipe Pondé (um dos poucos intelectuais de direita que ainda mantem certa notoriedade no cenário midiático nacional).

A epígrafe dessa crônica não é minha. Tomei-a emprestada do referido autor. Assim sendo, creio que seja válido reservar este espaço para oferecer ao estimado leitor, uma perspectiva que possa acrescentar aos seus valores – ou talvez não. Isso o amigo leitor decidirá.

Nossa contemporaneidade está envolta numa sopa de pedras, água e óleo. Grupos incomunicáveis e indissociáveis. E não há perspicácia alguma em percebê-lo; esquerda/direita é um exemplo dessa dualidade imbricada, mas não homogênea (ao menos popularmente, no senso comum).

E o que Pondé tem a ver com isso? – Talvez o preclaro leitor indague. Explico. O filósofo busca tal compreensão na natureza humana. O ressentimento é oriundo da frustração pelo fato de que o universo não responda às nossas expectativas, aos nossos anseios mais proeminentes. Somos mimados mediante o mamilo negado pela mãe terra – que, por nós, muito já faz -, e, nisso, estamos cada vez mais resmungões. Tal qual aquele filhinho de papai, inconformado pelo seu presente de aniversário – um Playstation 3 ao invés de um X-box. “Que trágico”, não?!

Outro ponto é pensar que somos pessoas do bem. (E sabemos bem quem carrega tal nomenclatura). Essas pessoas se acham defensoras da minoria, dos oprimidos. Nisso, julgam-se melhores, mais críticas e “problematizadoras” que as demais. Tal tipo vive num mundo ideal e esquecem do mundo real, negando-o. Sua razão é lutar mediante a ilusão de que o homem é super do bem, e que a culpa de tudo está na política. Tudo mesmo. Nada mais é individual. Nada mais é sentimental. Tudo é política! O sexo é política, o amor é política, a sua vizinha fofoqueira é política… e daí por diante.

Não se pode confiar em quem queira mudar o mundo, pela simples razão de que tudo não passa de um ensejo de tomada de uma ditadura para implantação da sua própria. Vemos exemplos disso nesse exato momento. Ligue a TV e assista aos telejornais e suas manchetes internacionais.

Gente que pensa que é “inteligentinha” e faz o tipo sociável e liberal, não passa de um mentiroso. É preconceituoso ao tirar foto com um “excluído” só para postar nas redes sociais, com o intuito de mostrar o quão evoluído e não preconceituoso ele é; defendem os seus. Na verdade, esse tipo não se diferencia em nada do seu opositor.

A era do ressentimento, como bem frisou Pondé, é a era dos mimizentos, dos chatinhos e chatinhas; inteligentinhos e inteligentinhas. Se te apetece um conselho, caro leitor: não confie em gente do bem… gente que quer mudar o mundo. São títeres na dependência dos mentores da mentira, a saber, como o Pondé bem cunhou: “a praga do politicamente correto”.

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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