A CANÇÃO DAS FADAS

15/10/2022

“Elles sont près des anges

Dans le fond du ciel bleu.”

Gérard de Nerval

 

O Feérico sempre povoou a literatura. Está em Skakespeare, Nodier, Nerval et ali. As leves e graciosas fadas são as princesas dos Elementais. Vaidosas, caprichosas, às vezes imprevisíveis. Sempre belas. Habitam os sonhos das crianças e dos poetas. Seria tolice não acreditar na existência delas. Ao sensível leitor dedico tais versos:

                    A CANÇÃO DAS FADAS

                                Cantabile

Gotas de chuva na janela,

Leve ! Não ides acordá-la.

Luz da lua na face dela,

Sede carícia de opala.

………………………………………………….

I

Um mocho descansa ao luar,

Cava um duende a negra terra;

Senhor, quem há de consolar

A alma que em pesadelos erra?

II

À hora das Vésperas os ninhos

Tremem de frio e solidão…

Não vos percais pelos caminhos,

Que os anjos vos deem a mão.

III

Nas aleias sibila o vento…

É a Princesa morta de Outrora!

O coração é um sino lento,

Na madrugada chora… chora…

IV

Dos sonhos a fina poeira

Inda reluz na antemanhã…

A Fada mais leve e ligeira

Viaja num grão de romã.

V

Na alcova as gravuras antigas

Dançam quando as luzes se apagam;

As sombras são visões amigas,

Sem rosto… solitárias vagam…

VI

Quem folheou o breviário

É apenas prece e lembrança;

Sinos do velho campanário,

Da morte a conhecida dança.

VII

Durma ! O sono é uma rosa!

Dos espelhos elas sairão;

As Fadas, em ronda graciosa,

Vagalumes na Escuridão!

……………………………………………….

Adágio

Gotas de chuva na janela,

Leve ! Não ides acordá-la.

Luz da lua na face dela,

Sede carícia de opala.

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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