“Elles sont près des anges
Dans le fond du ciel bleu.”
Gérard de Nerval
O Feérico sempre povoou a literatura. Está em Skakespeare, Nodier, Nerval et ali. As leves e graciosas fadas são as princesas dos Elementais. Vaidosas, caprichosas, às vezes imprevisíveis. Sempre belas. Habitam os sonhos das crianças e dos poetas. Seria tolice não acreditar na existência delas. Ao sensível leitor dedico tais versos:
A CANÇÃO DAS FADAS
Cantabile
Gotas de chuva na janela,
Leve ! Não ides acordá-la.
Luz da lua na face dela,
Sede carícia de opala.
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I
Um mocho descansa ao luar,
Cava um duende a negra terra;
Senhor, quem há de consolar
A alma que em pesadelos erra?
II
À hora das Vésperas os ninhos
Tremem de frio e solidão…
Não vos percais pelos caminhos,
Que os anjos vos deem a mão.
III
Nas aleias sibila o vento…
É a Princesa morta de Outrora!
O coração é um sino lento,
Na madrugada chora… chora…
IV
Dos sonhos a fina poeira
Inda reluz na antemanhã…
A Fada mais leve e ligeira
Viaja num grão de romã.
V
Na alcova as gravuras antigas
Dançam quando as luzes se apagam;
As sombras são visões amigas,
Sem rosto… solitárias vagam…
VI
Quem folheou o breviário
É apenas prece e lembrança;
Sinos do velho campanário,
Da morte a conhecida dança.
VII
Durma ! O sono é uma rosa!
Dos espelhos elas sairão;
As Fadas, em ronda graciosa,
Vagalumes na Escuridão!
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Adágio
Gotas de chuva na janela,
Leve ! Não ides acordá-la.
Luz da lua na face dela,
Sede carícia de opala.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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