Ciência com Café

17/04/2021

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito“.

Albert Einstein

“Mistério” Quântico

A busca incansável da Ciência por estruturas nanométricas, isto é, de tamanho comparável ao dos átomos, traz à luz o desenvolvimento de nanorobôs na luta contra o câncer. Nesta perspectiva, os físicos conseguiram avanços significativos nesse âmbito da Ciência por meio dos efeitos quânticos do condensado de Bose-Einstein, que, por sua vez, foi previsto por Albert Einstein em 1925, depois de ter lido um importante artigo publicado pelo físico e matemático Satyendra Nath Bose. Para compreender a fundo o condensado de Bose-Einstein, é necessário um vasto conhecimento matemático da física estatística e da física quântica, por isso, Ciência com Café traz uma breve decodificação desse “mistério” quântico dentro dos limites possíveis.

Entendendo o condensado de Bose-Einstein

O condensado de Bose-Einstein é um estado da matéria obtido quando um gás de átomos bosônicos (isto é, átomos com spin inteiro) extremamente rarefeito é resfriado a temperaturas próximas do zero absoluto, que, por sua vez, equivale a −273,15 graus na escala Celcius. Dessa maneira, quando a temperatura do gás atinge um valor crítico, os átomos condensam-se, dando origem a um único superátomo macroscópico, em que todos os átomos apresentam propriedades idênticas. Consequentemente, é possível observar os efeitos quânticos no mundo macroscópico, fato nunca antes observado e que se imaginava impossível.

Como chegar a esse estado da matéria?

O condensando de Bose-Einstein tem dois ingredientes fundamentais e peculiares: um gás de atómos bosônicos e uma temperatura extremamente baixa. O gás é mantido em uma câmara com uma densidade baixa para que não o condense durante o processo de resfriamento. O resfriamento do gás é a parte mais crítica do processo. Haja vista que o condensado não pode ser feito sob qualquer superfície, pois isso o tornaria líquido ou sólido. Nesse caso, o gás é resfriado por meio de seis feixes de laser que apontam nas três direções do espaço, “rebatendo” os átomos de volta para o centro do recipiente. A última etapa do resfriamento concentra-se no aprisionamento dos átomos por meio de um campo magnético fraco (técnica proposta por Cornell e Wieman). Por fim, o campo magnético é desligado e os átomos mais “quentes” escapam, fazendo com que o condensado alcance temperaturas extremamente baixas, “avistando-se” o condensado de Bose-Einstein. A produção do primeiro condensado de Bose-Einstein logrou o prêmio Nobel de Física para os físicos Eric Cornell, Carl Wierman e Wolfgang Ketterle.

Qual a utilidade disso mesmo?

Inúmeras! Como os átomos do condensado de Bose-Einstein encontram-se na mesma energia, ao desmanchá-lo, é possível produzir feixes de laser atômico de grande coerência. Essa característica dos condensados pode promover o avanço de uma importante área emergente da tecnologia, a nanolitografia, que diz respeito à fabricação de circuitos, dispositivos e até mesmo robôs na escala nanométrica com o intuito de eliminar células cancerígenas.

Elton Brasil da Costa, Engenheiro Eletricista da VERTIV, EUA

MAIS Notícias
Ciência com Café
Ciência com Café

A Revolta da Vacina de 1904 A Revolta da Vacina foi um motim popular ocorrido entre 10 e 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Seu pretexto imediato e estopim da revolta foi uma lei que determinava a obrigatoriedade da vacinação...

Ciência com Café
Ciência com Café

"Talento é 1% inspiração e 99% transpiração". Thomas Edison “E lá vamos nós!” Estimados (as) Leitores (as), após um hiato temporal, Ciência com Café retoma suas atividades quinzenais neste prestigioso jornal. Com quinze textos publicados no ano de 2020 – mesmo diante...

Ciência com Café
Ciência com Café

"Seja menos curioso sobre as pessoas e mais curioso sobre as ideias". - Marie Curie Imunidade de Rebanho Ciência com Café poderia explorar a Física por trás da perseverance – robô enviado a Marte pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *