Ciência com Café

30/11/2019

Se você não tem dúvidas, é porque você está mal informado“.

Millôr Fernandes

Desacreditar na Ciência é uma estratégia política?

Do Salão Oval da Casa Branca nos Estados Unidos ao Palácio do Planalto em Brasília, de todos os canteiros (não estou promovendo a loja de venda de pneus) do mundo em geral, a Ciência tem sido colocada no escanteio quanto à sua importância para com a sociedade como um todo. Muitas das vezes, colocando em cheque o consenso científico – a título de exemplo, em relação as mudanças climáticas, a eficácia das vacinas e outros temas importantes. No entanto, pouco sabem os políticos que mesmo do escanteio, a Ciência faz gol olímpico. Sendo assim, vamos ao toque de bola.

Por que deveríamos acreditar em Ciência?

É claro que sabemos que Cientistas algumas vezes comentem erros – mas já que a Ciência é feita por Cientistas, por que ainda acreditar nela? Se você buscar essa resposta nos livros escolares irá se deparar com uma explicação por meio do método científico – desenvolve uma hipótese, em seguida um método e, por fim, experimento para testes. Por sua vez, completamente errada, pois não é isso o que os Cientistas fazem. Esta é uma questão que pode ser a mais custosa de ser respondida e a mais importante. “No frigir dos ovos”, Ciência é muito mais do que isso, ela é dinâmica, utiliza diferentes métodos e tais métodos mudam exponencialmente ao longo do tempo. O que é algo muito bom; descobertas são apresentadas e antigos métodos, abandonados. Em suma, se mais pessoas ouvissem os Cientistas falarem pessoalmente sobre seus valores, isso ajudaria imensuravelmente a reverter a maré crescente do sentimento anticientífico.

Ai de mim se eu não amasse a Ciência

Em minha jovem carreira científica de dez anos, com alguns artigos publicados pelo mundo, o que eu sei de verdade é que a Ciência abre sua mente e lhe dá acesso a tudo o que seu intelecto consiga assimilar. O que eu mais amo na Ciência é o seguinte: ela dá a capacidade de voar mais alto. E continuar subindo. Não é à toa que me refiro à Ciência sempre com letra maiúscula.

Temos uma crise de confiança do público na Ciência?

Acredito que houve um grande exagero e até pânico para com isso. Pesquisas de opinião pública (estou falando de pesquisa, dados, fontes confiáveis e não de fake news) mostram consistentemente que a maioria da população ainda confia na Ciência – muito mais do que confiam no governo ou na indústria. Entretanto, há certas áreas do universo científico onde há um alto nível de suspeita pública – por exemplo, mudança climática, vacinação e evolução. Particularmente, nessas áreas, as pessoas resistem em aceitar o que as evidências mostram por causa de seus valores. Pode-se facilmente perceber que a Ciência colide com suas visões de mundo políticas, morais, religiosas ou com seus interesses econômicos. Obviamente, descrever a Ciência também é uma estratégia política – exempli gratia, a indústria de combustíveis fósseis, criando a impressão de que a Ciência da mudança climática é instável, interrompe a ação. Ou até mesmo desconsiderar dados científicos para suprimir a verdade sobre as queimadas e o desmatamento da Amazônia. Neste caso, seria o bode na sala da conhecida anedota, se tivesse o nível intelectual do ruminante. Notoriamente, é preciso respeitar o sujeito ou o ruminante.

Sugestão vem do Latim suggerere

Caro (a) Leitor (a), o tema desta edição do Ciências com Café foi um tanto difícil de ser tratado, porém, apetecível, como diria um grande amigo. No entanto, devo assumir que a base foi do novo livro da professora Naomi Oreskes de História da Ciência na Universidade de Harvard, Why Trust in Science (Por que confiar em Ciência, em tradução livre). Um livro suave de ser degustado, com uma grandiosa carga de conhecimento do ponto de vista do porquê confiar em Ciência. Bom, apenas uma singela suggerere de literatura para o (a) respeitável Leitor (a) que me acompanha quinzenalmente.

Iguatuense, formação em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica pela UFCG e Yonsei University, Coreia do Sul – Engenheiro Eletrônico da Freehand Engineering, EUA

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