DO SIMBOLISMO

01/10/2022

Muitas vezes ouvi do próprio Moreira Campos – a quem tive a honra e o prazer de conhecer – que o Simbolismo se confunde com a essência da Arte. Com efeito, a grande Arte pauta-se pelo implícito, pelo atemporal, pelo caráter epifânico da linguagem.

Sempre trilhamos na nossa modesta senda das Musas a via do Simbolismo. Recentemente, no último número da preclara Revista da Academia Cearense de Letras publicamos dois poemas desta lavra: O Espelho da Condessa e Ode Titânica. Agradecemos, oportuno tempore, aos bons alvitres dos caríssimos mestres da Universidade Federal do Ceará, também acadêmicos imortais, Noemi Elisa, Linhares Filho e Sânzio de Azevedo. Ao leitor, mais um soneto nosso inspirado pela estética de Verlaine:

MUSIC

                 “Soft sweet music in the air…”

                                    James Joyce

Tomávamos o chá, morria a tarde…

E havia tanta coisa pra dizer…

O ocaso já trazia a saudade

Do que em nós não queria morrer.

 

O coração nos fala sem alarde

O que estamos cansados de saber;

É brasa na lareira que inda arde,

Lua a brilhar após o alvorecer.

 

Tinha o céu tons escuros, de veludo;

O teu olhar já me dizia tudo

E o meu calava uma renúncia fria…

 

Jamais nos livraremos do Passado!

Silentes, pois, ficamos lado a lado…

E a noite veio, dolente, vazia.

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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