Muitas vezes ouvi do próprio Moreira Campos – a quem tive a honra e o prazer de conhecer – que o Simbolismo se confunde com a essência da Arte. Com efeito, a grande Arte pauta-se pelo implícito, pelo atemporal, pelo caráter epifânico da linguagem.
Sempre trilhamos na nossa modesta senda das Musas a via do Simbolismo. Recentemente, no último número da preclara Revista da Academia Cearense de Letras publicamos dois poemas desta lavra: O Espelho da Condessa e Ode Titânica. Agradecemos, oportuno tempore, aos bons alvitres dos caríssimos mestres da Universidade Federal do Ceará, também acadêmicos imortais, Noemi Elisa, Linhares Filho e Sânzio de Azevedo. Ao leitor, mais um soneto nosso inspirado pela estética de Verlaine:
MUSIC
“Soft sweet music in the air…”
James Joyce
Tomávamos o chá, morria a tarde…
E havia tanta coisa pra dizer…
O ocaso já trazia a saudade
Do que em nós não queria morrer.
O coração nos fala sem alarde
O que estamos cansados de saber;
É brasa na lareira que inda arde,
Lua a brilhar após o alvorecer.
Tinha o céu tons escuros, de veludo;
O teu olhar já me dizia tudo
E o meu calava uma renúncia fria…
Jamais nos livraremos do Passado!
Silentes, pois, ficamos lado a lado…
E a noite veio, dolente, vazia.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
0 comentários