Cantor, multi-instrumentista, professor, apresentador, radialista e colunista do Jornal A Praça, Bêu Paulino pode acrescentar agora o cargo de secretário da pasta de Esporte e Juventude do atual governo municipal. Em entrevista à TV A Praça, no Youtube, o entrevistado falou dos desafios e planejamento à frente do seu mais novo projeto

A Praça – Qual é o tamanho desse desafio?

Bêu Paulino – Pode ter certeza que é um desafio e tanto. Eu pensei, relutei, mas a vida é feita de desafios. Eu estou saindo de uma zona de conforto muito grande. Sou funcionário do Estado há 33 anos, sou engenheiro com formação. Sabemos que todas as administrações, é necessário um cuidado maior, zelo maior e uma responsabilidade maior. Milito no esporte há muito tempo, conhecendo todo os detalhes, os melindres, os caminhos, os percalços e as adversidades da vida, mas isso não o fará dele menor. Agradeço ao prefeito pelo convite, muitos me cobravam porque eu não assumi como secretário, sempre dizia que não estava disponível, não gostaria, não sou político. Eu acho que tem muito de política. Mas tem aquilo de pecar por omissão. Vamos para a grande batalha, ser mais um desses soldados na trincheira dessa administração que tenta dar sua melhor maneira esse suporte para todos nós. Eu espero poder corresponder às expectativas.

A Praça – Ser um agente político exige certo jogo de cintura. Teremos uma versão sua político, e quem sabe se candidatando ao cargo eletivo?

Bêu Paulino – “This is impossible” (Isso é impossível). (Em ser candidato) porque eu já recebi muitos convites de pessoas que passaram pela gestão, de pessoas que foram candidatos eleitos, de deputados de Fortaleza, que queriam até me pagar para ser candidato. Na época me segurava ao projeto de vida que era minha banda. Faço até hoje com prazer. Mas os melindres da política, isso não me atrai. Tem uma frase: nunca diga nunca. Eu vou dizer: espero poder resistir. Eu espero que não.

A Praça – Qual o legado pretende deixar no final de seu trabalho à frente da pasta?

Bêu Paulino – Espero poder colaborar e prestigiar o esporte o amador e com o futebol amador em especial. Porque é verdade que o futebol é uma grande paixão nacional e não é diferente em nenhum desses municípios por aí a fora. Sou de uma época que Iguatu tinha uma geração de voleibol de status de um dos melhores estados, basquetebol, o próprio handebol. Mesmo trabalhando na imprensa, sentimos por parte do público que o apelo é menor. Mas agora nós devemos ter a missão de como gestores de uma pasta difundir e divulgar um pouco mais esses abnegados que às vezes no seu ato final para poder participar de competições tira de seus próprios recursos.  Sabemos que os recursos da secretária são escassos, mas há sempre um jeitinho para gente poder colaborar nesse processo, desses que tem essa missão de levar o nome do Iguatu além-fronteiras.

A Praça – Você por décadas atuou como radialista na Rádio Jornal AM, hoje FM, ligada ao grupo político de Marcelo Sobreira, oposição ao atual governo. Como se deu o desligamento?

Bêu Paulino – A despedida foi muito dramática. Em maio agora completou 31 anos de rádio com muitas histórias e resenhas. Foi pedido para eu continuar e associar ao cargo. Mas agora eu sou um alvo. Mesmo assim só agradeço essa família que foi a Rádio Jornal.  A despedida foi de choro e nó na garganta. Confesso que ainda nem voltei para buscar algumas coisas, acervo da literatura de cordel que deixei lá. Enfim foi muito doído sair de lá.

A Praça – Apesar de ser uma paixão nacional, o esporte não é só futebol. Iguatu é um celeiro de talentos em variadas modalidades; handebol, vôlei, basquete e futsal. Como pretende apoiar essas categorias?

Bêu Paulino – Eu sei que não é fácil. Amigos passaram por essa pasta e foram alvos de críticas e os sempre os defendi, pois sabia das dificuldades. Colegas secretários que tiravam do próprio bolso para ajudar. Espero não fazer isso. Espero ter da gestão apoio para pelo menos tentar colaborar com eles. Quero ter condições e disponibilidade em colaborar efetivamente. Às vezes não é muito o que eles anseiam. Um transporte e um combustível algo desse tipo que mais buscam. Mas espero atender as expectativas deles.

A Praça – O secretário anterior (Edson Lima) não declarou publicamente os motivos de ter deixado a pasta de esportes. Mas ventila-se que foi por falta de recursos para executar o trabalho. Você conversou com ele? Como pretende lidar caso situação parecida aconteça com você?

Bêu Paulino – Vamos conversar. Mas já tive uma conversa com o próprio Edson e o prefeito juntos. Edson é um homem sério e merece palmas pelo trabalho. Ele continua conosco, que tem muito a nos ajudar, e vai colaborar com um campeonato promovido pela liga. Damo-nos muito bem. Mas a gestão precisou oxigenar, foi um ciclo. Recordo-me que poucos secretários da história de Iguatu ficaram do início ao fim de uma gestão. Isso é comum na maioria das vezes um titular sair do cargo.

A Praça – Como será o trabalho da pasta junto ao futebol profissional? A ADI terá apoio da administração para esse segundo semestre competir na Taça Fares Lopes? Como está o planejamento para isso?

Bêu Paulino – Não vai participar. Acho que a melhor maneira de a gente ratificar o que já foi feito. Nós precisamos mais do que nunca fazer valer o nosso momento. São seis anos sem campeonato municipal. Aproveitar essa competição e formarmos uma base. Fizemos uma ótima seletiva. Acredito ser possível trabalharmos a série B de 2020 com 60 % formados com jogadores da região.