LITERATURA BRASILEIRA CONSIDERAÇÕES SOBRE O POETA “DIRCEU”

03/01/2022

Infelizmente nossa educação, de péssimo e distorcido viés esquerdista, incutiu-nos numerosos erros históricos e literários. Deveríamos ler os historiadores e críticos europeus, sobretudo os portugueses, para conhecermos a verdade dos fatos e ocorrências estéticas.

Portugal não dever ser visto como um vilão, um explorador das colônias. É nossa verdadeira pátria, que nos deu a Fé e a Língua, e nos pôs em contato com a redentora Civilização europeia. Da premissa errada e negativa de rancorosos colonizados decorrem todos os erros culturais, históricos e literários.

Tomemos o exemplo do poeta PORTUGUÊS Tomás António Gonzaga (1744-1810), o segundo maior poeta de nossa língua no século XVIII. Fica abaixo apenas do camoniano Bocage. Não frisei ao acaso o adjetivo. É poeta da literatura portuguesa, assim como todos que viveram e escreveram no Barroco (século XVII) e no Arcadismo (século XVIII), antes da malfadada independência brasileira. Só devemos falar de literatura nacional após tal fato. Na verdade começamos com o Romantismo. Mas trato disso em outro texto.

Voltando ao Gonzaga, o Dirceu da obra Marília de Dirceu. É absolutamente inverídico o fato de o poeta ter participado da Inconfidência Mineira, este tolo ato de alta traição para com a Coroa Portuguesa. Com total precisão assevera-nos o eminente crítico Rodrigues Lapa no prefácio da edição definitiva das obras do bardo árcade. Livraria Sá da Costa, Lisboa: “A sua participação no movimento da Inconfidência foi mínima, se é que chegou a existir” (página 19).

Com efeito, após ser preso injustamente, o poeta negou ter sequer conhecido os outros implicados. Em seus depoimentos, verbi gratia, nem mesmo tinha conhecimento da prisão e morte de Cláudio Manuel da Costa, o que prova que não foram cúmplices neste ato vergonhoso de traição a Portugal. O poeta da musa Marília foi acusado por desafeto e injúria. Joaquim Silvério dos Reis, fiel servidor da Monarquia, o tinha como inimigo e por isso o colocou entre os traidores. Mas o argumento decisivo deixo por último. O poeta estava totalmente apaixonado e ia casar-se com uma filha de um capitão português devotado ao Rei. Ninguém, ainda mais um juiz da Coroa como ele, entraria em uma conspiração traidora estando com o casamento marcado. Há notícias, inclusive, sobre a vinda do casal – se o matrimônio tivesse ocorrido – para a província da Bahia, onde o poeta juiz pretendia levar uma existência confortável e segura de cumpridor dos deveres para com a sua pátria, Portugal.

Muitas coisas a escola tropical e vermelha nos ensinou errado. É preciso, com justeza, rever tudo isso.

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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