ODE AD LOCUM PACIS

06/01/2024

“No mesmo hausto

Em que vivemos, morreremos.”

Ricardo Reis

 

Os sepulcros a sombra acolhe e a brisa

Afaga-os na paz;

Ao que morto ali jaz

Nada mais fere, tudo cicatriza.

 

Pugna é viver; ledas vitórias

Ou perdas, tudo é vão!

Ao mesmo Hades César, suas glórias

E o simplório aldeão.

 

Um óbolo ou fortunas grandiosas

Haverás de deixar.

Labores tantos…. serão murchas rosas

Sobre o último lar.

 

Em Vênus não te fies; breve é a graça

Enganoso é o prazer.

Não é nosso cada instante que passa;

Viver é perecer!

 

Ah cansarmo-nos tanto… Para quê?

Sigamos sem desejos.

Quem sabe um dia a alma possa ver

Da Chama alguns lampejos.

 

Um punhado de pó; eis tudo, enfim;

E ossos a um canto.

Ah tudo há mesmo de acabar assim

Comédia sem encanto ?!

 

Os sepulcros a sombra acolhe e a brisa

Afaga-os na Paz…..

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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