Pequenos negócios x pandemia

11/07/2020

Empreender, montar um pequeno negócio, trabalhar por conta própria e ter seu próprio dinheiro é o sonho de todo brasileiro. E quando se trata de alguém do sexo feminino, independência financeira é uma meta que elas estão sempre buscando alcançar. A série lançada pelo jornal A Praça ‘Os pequenos negócios e os impactos da pandemia’ tem revelado histórias surpreendentes de mulheres que não se deixaram abater pela crise e encontraram uma maneira de trabalhar por conta própria, ou, na pior das hipóteses, tentar conciliar o emprego formal com o pequeno negócio.

Delícias da Nildinha

Elenilda Silva de Oliveira, 32, Nildinha, trabalha como empregada doméstica numa vaga de emprego formal com carteira assinada. Mas ela sempre alimentou o sonho de ter sua própria renda gerada a partir de um negócio comercial. Então foi buscar a realização numa habilidade que ela tem de sobra: a confecção de bolos, os mais variados sabores, cores, recheio, decorados, bolo de pote, cenoura, milho cremoso, chocolate, e o bolo ‘vulcano’.

Há pouco mais de um mês, a operária da cozinha lançou o pequeno negócio ‘Delícias da Nildinha’. Funciona assim: pela manhã, até meio-dia, ela vai para o emprego formal e à tarde se dedica ao seu empreendimento. Mas Nildinha não aprendeu apenas a misturar ingredientes para bolo. Ela também tem habilidades para outros pratos, sobremesas, salgados recheados. Estes ela atende por encomenda. Geralmente outros pratos, ela faz nos finais de semana.

Na cozinha da Nildinha, o bolo carro-chefe é o chamado ‘vulcano’. O cliente escolhe a seu critério o sabor, cenoura, laranja, granulado, chocolate, leite Ninho e escolhe a ‘calda’ que vai no espaço do meio. É como um recheio líquido que pode ser de chocolate derretido, creme de leite Ninho, calda de morango, laranja, abacaxi, ameixa, caramelo, geralmente colocado no espaço do meio até derramar e cobrir toda superfície do bolo, por isso o nome ‘vulcano’. Quando o bolo é partido, o recheio escorre pelo prato. Esta é a parte mais deliciosa da receita, segundo Nildinha. Ela lembra que este tipo de bolo também pode ser feito em miniatura para uma pessoa.

Brincadeira

“O começo foi muito engraçado”, lembra ela. “Tudo começou como uma brincadeira, durante essa pandemia, quase todos os dias eu postava no meu Instagram pratos de bolos, pizzas, essas coisas, que eu sei fazer, aí sempre postava nas redes sociais no Instagram, Facebook, WhatsApp, e muitas pessoas vinham a mim perguntando seu eu vendia. Com isso, eu ganhei o apoio de amigos que me incentivaram a investir no negócio”, contou.

Nildinha trabalha na cozinha de sua própria casa na rua F, 160, bairro Filadélfia, e conta com a ajuda da filha, Nivea Estefany Duarte da Silva, 15. É Estefany quem prepara as formas para assar os bolos, as pizzas e os salgados. A moça atua como assistente da mãe, enquanto tem a chance de aprender na prática a maravilhosa arte dos bolos, recheios e confeitos.

Nildinha se desdobra para executar as receitas e também fazer as entregas. Ela contou que nem todos os clientes retiram seus pedidos no endereço do pequeno negócio, então, de vez em quando, lá está ela, montado em sua ‘cinquentinha’ indo entregar ao cliente, no endereço dele, o bolo, salgado, pizza ou sobremesa que ela mesma preparou.

Um dos maiores aliados do empreendimento são os amigos que usam os canais disponíveis na internet para compartilhar as imagens dos produtos que ela faz, o que, segundo a empreendedora, tem ajudado a conquistar mais clientes a cada dia. Nos finais de semana, Nildinha não vai para o emprego formal, é quando aumenta a demanda de pedidos e ela mais produz bolos. “Geralmente, começo no sábado pela manhã e passo o dia todo recebendo encomendas e atendendo”, frisou.

Motivação

Apesar de ter começado recentemente, Nildinha disse estar feliz com o sucesso do pequeno negócio que nasceu por acaso, mas que já começa a ganhar musculatura, podendo futuramente se transformar numa empresa. Ela disse estar feliz também, principalmente, pela forma carinhosa com que as pessoas estão recebendo seu empreendimento. “É tão gratificante saber que as pessoas estão gostando dos meus bolos, são tantas mensagens de inventivo e motivação que recebo dos meus clientes, que me sinto fortalecida a cada dia”, frisou.

Sobre sua carreira como doméstica, diz que é amor antigo, mas deixou escapar que também alimenta o sonho de um dia poder cuidar somente do seu negócio. “Acredito, sim, apesar de amar meu trabalho e meus patrões, a gente sempre sonha com o próprio negócio”, encerrou.

Serviço
Instagram: @delicias_da_niildinha
WhatsApp: 88. 9.8872-9939

Caseirinhos Doces

Os pequenos negócios vão surgindo à medida que os empreendedores vão descobrindo que podem montar as pequenas estruturas de funcionamento, na cozinha de casa, na garagem, ou até mesmo naquele espaço da casa que estava ocioso. Foi assim com a empreendedora Ianny Flávia Duarte Barreto Nunes, 31. Fazer doces sempre foi uma de suas especialidades. Antes mesmo da pandemia, ela já misturava ingredientes e criava sabores para as comemorações em família. Mas o inesperado aconteceu. Os tipos de doces, os sabores, as receitas variadas foram tornando os produtos da Ianny conhecidos, até que ela começou a receber encomendas e passou a produzir os doces para tender a clientela que começa a se formar. Na época ela tentava conciliar o trabalho formal como atendente numa empresa do centro da cidade, com a produção dos docinhos, geralmente nos finais de semana.

Com a chegada da crise do coronavírus, Ianny se viu em casa, afastada de suas atividades profissionais e com algum tempo disponível. Então teve a ideia de usar a cozinha de sua casa para produzir os deliciosos doces de festas e atender pedidos. Desde então o empreendimento começou a dar certo, atendendo por encomendas e os clientes retirando os pedidos em seu endereço, já que ela não pode fazer as entregas, porque precisa cuidar da Aylla, sua filhinha pequena de 2 aninhos e cinco meses. Ianny usa as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp para postar imagens dos doces produzidos e receber os pedidos dos clientes.

Quando criou a marca ‘Caseirinhos Doces’, Ianny disse que estava desempregada. Ela revelou que ideia surgiu na hora certa, como um micro empreendimento de produção de ‘docinhos caseiros’ para festas e outras ocasiões, que ela mantém em sua própria casa, na Rua Eugedo Cavalcante, nº 62, (antiga Rua J no Conjunto Ramiro Rolim), bairro Areias 2, que começou a lhe dar suporte financeiro, num momento em que ela precisa gerar renda para honrar seus compromissos de casa.

Cardápio

Brigadeiro, brigadeiro com amendoim, brigadeiro com beijinho, (junção de dois doces, brigadeiro, doce de chocolate recheado com o beijinho, feito com leite condensado e cobertura com coco ralado), amendoim, leite Ninho, farinha láctea, morango, brigadeiro de limão, docinho dois amores, docinhos de oreo (preparado com biscoito recheado oreo) brigadeiro de paçoca, brigadeiro colorido e coco queimado são alguns dos tipos de doces do extenso cardápio.

Apesar de trabalhar sozinha para atender os pedidos, a empreendedora não reclama, pelo contrário, ela se realiza, porque fazer doces e proporcionar a felicidade das outras pessoas com os doces mais deliciosos também a faz se sentir feliz.

A professora por profissão, pedagoga de formação, mas com seus refinados dotes culinários, numa das artes mais admiradas da cozinha, ‘a de doces’, ela usa seu próprio número de WhatsApp para compartilhar as imagens dos docinhos que produz em casa, e para receber também os pedidos dos clientes, que têm aumentado desde que passou também a compartilhar as imagens através das redes sociais, no seu Instagram pessoal, no Facebook e no próprio Instagram exclusivo da ‘Caseirinhos Doces’.

Página virada

A empreendedora acredita que a fase de falta de trabalho tenha sido uma página virada. Atualmente, Ianny Flávia é contratada do município como professora da Educação Infantil, mas quando iniciou com a produção dos ‘docinhos’ havia perdido há pouco tempo o emprego formal de carteira assinada como atendente numa empresa do centro comercial de Iguatu.

Flávia disse que fazia os docinhos somente nos finais de semana, enquanto não estava ministrando aulas, mas quando veio a pandemia, passou a ficar mais tempo em casa, no ‘isolamento social’, então começou a produzir também durante a semana. Isso, de certa forma, vem ajudando a impulsionar ainda mais o empreendimento.

Como toda mulher que corre atrás de seus sonhos, Ianny também busca suas realizações e uma delas é o curso de pós-graduação na área em que ela já é graduada: Pedagogia. Ela pretende alcançar esta meta pessoal, sem descuidar do seu projeto que nasceu no meio da crise viral, mas que tem todas as condições de se firmar como um negócio rentável para ela e sua família, principalmente pela aceitação que os produtos vêm tendo no meio do público consumidor.

Serviço      

Instagram: @caseirinho.doce e @iannyflavia
Facebook: Ianny Flavia
Whatsapp: 88. 9.8824-8745

Sopa Mania

O casal Geane e Raimundo viu a vida fluir sentindo o perfume dos temperos e compartilhando sabores na preparação de lanche pronto. Assim tem sido a vida trajetória da família ao longo dos anos de Maria Geane Cézar Gomes, 50, Raimundo Gomes, 56, o esposo, e as filhas, Rayanne, 24, e Rainy Gomes, 19.

Geane e Raimundo, como dois autônomos, trabalhavam vendendo lanches, cada um numa pequena estrutura, ela numa pequena bancada e ele num carrinho, em dois locais diferentes da cidade. Raimundo na Rua Santos Dumont, em frente ao Hospital São Camilo, e Geane, em frente à Policlínica Regional, anexo ao antigo Hospital Santo Antônio, no bairro de mesmo nome. Caldo, sopa, bolo, salada de frutas, sucos, café, cachorro quente, tudo para servir aos transeuntes e aos acompanhantes dos pacientes.

Com a chegada da pandemia tudo se modificou. Os pacientes deixaram de vir para Iguatu, seus acompanhantes também. As vendas praticamente despencaram e inviabilizou o negócio. Esses acontecimentos acabaram também colocando Raimundo e Geane isolados em casa em quarentena. Uma situação delicada para um casal acostumado a dormir tarde e acordar cedo para trabalhar na rua ofertando às pessoas seus lanches, bolinho de caco, cafezinho com leite, suco de fruta, caldo, tapioca, salada e até água de coco.

E foi a partir do incentivo dos familiares que Geane e Raimundo resolveram dar a volta por cima e voltar para as ruas, só que, em outro formato, produzindo os alimentos em casa e vendendo pelas redes sociais, com entrega por delivery. Eles usam o Facebook e o Instagram para divulgar os pratos e o aplicativo do WhatsApp para receber os pedidos.

Em família

Geane disse que num primeiro momento pensou em fazer quentinha, almoço, até que veio a ideia da sopa. “Pensei na sopa porque é um prato que cai bem no jantar e percebi que quase não tinha ninguém fazendo”. E não é que ela tinha razão? A sopa da Geane já é um sucesso de vendas e consumo. Mas ela não está sozinha no negócio. O esposo Raimundo faz as entregas e as duas filhas Rayanne e Rainy também ajudam. Rainy recebe os pedidos e Rayanne dá suporte à mãe na cozinha. Sim, a cozinha da casa foi adaptada para funcionar na preparação das sopas, mas não é uma sopa comum. Geane usa a criatividade e vai além na mistura de ingredientes que levam o sabor de um prato simples ao patamar de uma iguaria. Macarrão, costela e legumes. Outro sabor é feijão com legumes, nata e queijo. Tem também a canja de frango com legumes e arroz. Os pratos fazem tanto sucesso que a cada dia a clientela aumenta. Além das sopas, nos finais de semana, Geane faz mungunzá e vatapá, também sob encomenda.

Ficaria até difícil, somente para ela e o esposo darem conta do negócio. Com as duas filhas do casal em casa, por causa do isolamento social, a ajuda delas vem fazendo a diferença, e o pequeno negócio virou um empreendimento de família. A filha mais velha, Rayanne, já foi para a faculdade e é professora da rede municipal de Educação, a mais nova, Rainy está na faculdade de Pedagogia. Mas, por enquanto, mãe, pai e filhas estão compartilhando uma das experiências mais extraordinárias da família: trabalhar juntos, cada um cooperando para fortalecer um negócio que poderá garantir num futuro próximo a geração de renda para a família. Afinal, num mundo ainda infeccionado pela Covid-19 é impossível prever o que vai acontecer. Para quem está se reinventando agora, as chances de sobreviver são maiores.

Serviço
Instagram: @sopamaniaiguatu
WhatsApp: 88. 9.9981-6263

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