Perda de tempo

14/10/2023

Bem se via que o casalzinho não iria muito longe. O rapaz, um típico conservador – desses que sabem bem o valor do trabalho, da ordem e da moral cristã; a garota, uma doidivanas – dessas que tomam a dimensão do mundo baseada no quintalzinho fétido de um cursinho doutrinador de humanas qualquer; que se acha o máximo e do bem por ‘‘lutar por um mundo melhor e igualitário’’. A pobre e débil garota sentiu-se agredida quando censurada quanto aos seus argumentos ‘‘problematizadores’’, e, nisso, já na primeira oportunidade, chamou o namorado de ‘‘fascista’’.

De fora e longe (o que nos permite enxergar melhor do que os envolvidos), e por ser amigo do rapaz, resolvi fazer uma pequena análise pesquisada. Comecei por ver a escrita de ambos. Nas redes sociais, pude constatar o óbvio ululante: a menina, que se enxerga uma culta leitora, não passava de mais uma analfabeta funcional sem conhecimento do seu próprio analfabetismo. Postara frases batidas de Karl Marx, Leandro Karnal e outros ‘‘grandes autores’’. A risível criatura acredita em signos (sim, coisa mais patética, não há); e atribui a isso o seu, como ela mesma escrevera: ‘‘espirito forte e combativo’’ (confesso que ri muito quando li isso em sua linha do tempo).

O rapa era inteligente. Escrita impecável e fino leitor de grandes conservadores. Não lia autoajuda nem perdia tempo em ‘‘salvar o mundo’’, mas em preservar valores norteadores de uma sociedade sadia e livre de utopias que, quando testadas, fracassaram miseravelmente. Crê na disciplina e condena a balburdia de mequetrefes de toda sorte. Temente a Deus, recusava qualquer dogma revolucionário ao seu redor.

‘‘O maior desafio para um jovem estudante liberal no Brasil é pegar mulher’’ – escreveu o filósofo Pondé na sua crônica ‘‘Por uma direita festiva’’, em 2014.  Assim sendo, no revés disso constatamos que o discurso esquerdista é ótimo pra pegar mulher. Comecei a desconfiar que o jovem rapaz estivesse fazendo um tipo esquerdinha para conquistar a bela (porém fútil) garota. A questão é simples: homens sensíveis e preocupados com as causas humanitárias são pessoas maleáveis, dóceis (para não dizer ‘‘manés’’, ‘’babacas’’…) e títeres nas mãos dessa gente rasa. Fazer esse tipo é garantir sexo como recompensa pela bela atuação enganadora.

‘‘Anda, macho!!! Confessa que tu tá só ‘queixando’ a menina! – Interroguei-o. Ele se fez de desentendido, mas confessou que sim. Que vivemos tempos difíceis. Que as mulheres de direita, desejáveis como só elas, já foram todas conquistadas, e a patética espécime que sobrou é tudo de que dispõe para uma cópula furtiva vergonhosa. ‘‘Olha, cara… Mulher de verdade gosta de homem de verdade; não de um híbrido, de um esquema mal-acabado de um, de uma simbiose anômala. ‘‘Hoje, nessa perda de tempo, engano garotas como essa, amanhã, quiçá, encontro uma mulher de verdade. Também mereço!’’ – desabafou.

Tempos depois, o vi reluzente e de mãos dadas com uma jovem conservadora de direita (que era a causa do seu brilho no olhar). Por fim, estava salvo! Resolvi olhar pela última vez as redes sociais do insólito casal de outrora, quando o rapaz unia-se àquela estranha criatura tapada.  No dele, nada de imprevisível: bons textos coesos e a novidade da alteração de relacionamentos para: ‘‘em um relacionamento sério com…’’. No da revolucionária, apenas uma postagem: ‘‘Homem não ‘prestaaaaa!’. ‘Mim’ sentindo revoltada!’’ (sic). Que perda de tempo, senhores… que perda de tempo!

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

 

MAIS Notícias
Quando a ignorância e o fanatismo recrudescem
Quando a ignorância e o fanatismo recrudescem

  ‘‘A esquerda brasileira — toda ela — é um bando de patifes ambiciosos, amorais, maquiavélicos, mentirosos e absolutamente incapazes de responder por seus atos ante o tribunal de uma consciência que não têm.’’ - Olavo de Carvalho   Que estamos vivendo em...

O reduto dos últimos
O reduto dos últimos

  ‘‘A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados.’’ -  René Descartes Em um mundo idiotizado e idiotizante, poucos são os lugares aos quais possam ser considerados dignos de se fazer presente. A nossa...

A nova era da espiral do silêncio
A nova era da espiral do silêncio

Em uma busca rápida na internet, o amigo leitor encontrará essa expressão, basicamente, na seguinte definição: ‘‘A espiral do silêncio é um conceito desenvolvido pela teórica da comunicação Elisabeth Noelle-Neumann, que se refere ao processo pelo qual as opiniões e...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *