A democracia e o pensamento político de direita

17/12/2022

É muito comum, pelo menos tornou-se mote no último biênio, ouvirmos falar em democracia e respeito em meio a um caloroso debate político. Mas, o que isso de fato significa? Será que verdadeiramente o espaço para o debate é realmente livre? Os pensadores opositores estão em uma arena de confronto onde as hostilidades terminam em pura amistosidade ao titilar de copos de cerveja?

Infelizmente, caro leitor, a realidade é outra. Na prática, sabemos que a supressão às linhas conservadoras e liberais há muito não são ouvidas; sufocadas, isso sim, pela corrente esquerdista apregoada há décadas em nosso país. Talvez alguns que acompanham estas linhas pensem: ‘‘É exagero, cronista ‘fascista!’’’. Posso propor algum ponto, a título de exemplo, para que o leitor possa refletir sobre. Vamos a ele.

Não é preciso ser um perspicaz observador para logo chegar à conclusão de que difícil coisa é encontrar um jovem de direita. Observem os bares alternativos da cidade: estão apinhados de críticos problematizadores que leem pouco, mal e péssimos livros, mas, para eles, isso já basta para criticar, com ares de superioridade, o governo, o sistema, o status quo… enfim, o estado de coisas. Pensam estarem vivendo numa espécie de Woodstock do século XXI, com suas roupinhas cafonas, vintage… ocorre que a geração de 1960 tinha mais conteúdo, razão crítica e cérebro.

Pois bem. É justamente em meio a este caldo disforme, incerto, destituído de valores norteadores da conduta moral conservadora, que o nosso jovem está inserido. As inovações trazidas por essa trupe, buscando tudo racionalizar (na semântica negativa da palavra: ausência de sentimento), tudo inovar (outra semântica negativa: abandono ao tradicionalismo) e renegar os valores – passados de geração para geração – por meio do que chamam de ‘‘desconstrução’’.

O direitista, obviamente, coitado, se verá ‘‘órfão de amigos’’; não se reconhecerá em meio a essa pandega matusquela e barulhenta. É aí onde reside o cerne do problema. Imagine agora esse mesmo jovem inserido no seio dessa algazarra de mentes ocas! Certamente será aviltado. O que a turminha canhota chama de democracia, não passa de respeito aos seus, aos que pensam como eles. Se há quem pense diferente – o jovem de direita, por exemplo –, será prontamente atacado por epítetos nada nobres como fascista, homofóbico, misógino… Assim, sem nenhuma razão justa e lógica!

Como sei de tudo isso? De onde me vem tal concepção? Puro empirismo, caro leitor… puro empirismo. Também eu vivenciei similares dissabores circunstanciais – e ainda os vivo. Pude constatar que não há democracia quando não há honestidade intelectual. Usam de simulacro de verdade, isso sim. Mas, emulação alguma substitui o respeito pelo conhecimento e a sua busca honesta. Fuja, caro leitor, desses que se dizem detentores da árdua missão de defender as ‘‘minorias’’. Não acreditem em quem se acha gente do bem. São sempre os piores. Não respeitam as diferenças que tanto pregam – como já sabemos, respeitam apernas as diferenças dentro daquela linha ideológica por eles defendida.

Democracia (não apenas política) é algo que não se pode esperar de quem não entende o seu real significado. Não debata com quem joga sujo. Ao jovem conservador, uma dica: leia os grandes autores conservadores e liberais. Estará com isso munido contra as alegóricas ‘‘carroças vazias’’ que perambulam a esmo, em bandos, pela nossa cidade.

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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