Dr. Diego Mendonça, Médico psiquiatra

17/08/2019

Especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência, o médico iguatuense Diego Mendonça deu uma pausa no atendimento aos pacientes, em seu consultório no Hospital São Camilo, para receber a reportagem do A Praça e falar abertamente sobre os ‘transtornos mentais na infância’, principalmente o diagnóstico, e a importância de iniciar o tratamento o quanto antes, para evitar o agravamento dos transtornos na vida adulta do paciente

A Praça – Quais as doenças consideradas mais comuns nesta área específica da Psiquiatria infantil?

Diego Mendonça – Os transtornos psiquiátricos mais comuns na infância e adolescência são os transtornos ansiosos, transtorno depressivo, TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), TEA (transtorno do espectro autista) e déficit intelectual.

A Praça – Esta especialidade voltada para os pacientes da infância é nova na área médica? O que atraiu sua atenção nesta área?

Diego Mendonça – A psiquiatria da infância e adolescência, que é uma subespecialidade dentro da psiquiatria geral, é uma especialidade relativamente nova que surgiu nas últimas décadas. Para se ter uma ideia, há cerca de 20 anos só existiam 200 psiquiatras da infância e adolescência registrados no Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria. O meu interesse pela área da infância e adolescência surgiu durante a minha residência médica em Psiquiatria Geral. Muitos pacientes adultos chegavam ao consultório relatando os sintomas psiquiátricos e, na grande maioria das vezes, sempre associavam o início desses sintomas no período da infância ou adolescência, e percebiam o quanto havia sido prejudicial não ter buscado ajuda mais cedo. Diante disso, eu pude perceber que, atendendo essa parcela da população nessa faixa etária, poderia estar ajudando a evitar que o sofrimento psíquico perdurasse por anos com tanto impacto negativo em várias esferas da vida dessas pessoas.

A Praça – O psiquiatra infantil trabalha sozinho?

Diego Mendonça – Não, de forma alguma. Não se trabalha com saúde mental de forma isolada. O acompanhamento de crianças e adolescentes deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, envolvendo não apenas o psiquiatra infantil, mas também outros profissionais como o fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, psicopedagogo, dentre outros. Os resultados para a criança e/ou adolescente são melhores quando se trabalha com equipe multidisciplinar.

A Praça – A partir do diagnóstico na criança, constatada a necessidade de acompanhamento e tratamento, com isto é feito?

Diego Mendonça – A partir do momento em que o diagnóstico é constatado, realiza-se um planejamento terapêutico específico para aquela criança, de acordo com as particularidades dela e de acordo com a gravidade dos sintomas da mesma. Cada paciente é único. Dessa forma, cada tratamento também será individualizado.

A Praça- Por que aumentou tanto nos últimos anos o número de crianças diagnosticadas com transtorno mental?

Diego Mendonça – A análise que costumo fazer é que, nos últimos anos, a preocupação da sociedade com a saúde mental das crianças e adolescentes aumentou. Os pais, os professores da escola e os profissionais da área da saúde estão mais atentos ao bem-estar psíquico das crianças e, quando percebem algo diferente, buscam os profissionais especializados na área. Consequentemente, há um aumento de crianças e adolescentes diagnosticados, mas, principalmente, há um aumento na procura do tratamento para esses jovens e uma redução do sofrimento mental, com melhora na qualidade de vida dessas pessoas.

A Praça- No caso do transtorno mental em crianças ou adolescentes, o tratamento é medicamentoso ou terapêutico?

Diego Mendonça – A escolha do melhor tratamento para a criança ou adolescente com um transtorno mental dependerá de diversas variáveis: idade do paciente, gravidade dos sintomas, disponibilidade dos serviços de saúde para atender às necessidades dos pacientes, rede de suporte social/familiar, dentre outros. A partir da análise dessas questões, considerando sempre a individualidade de cada paciente, pode-se elaborar um plano terapêutico. Em alguns casos, é necessário fazer uso de medicação para melhorar os sintomas do paciente. Em relação à psicoterapia, considero sempre muito importante indicar para todos os casos, desde os mais leves até os mais graves.

A Praça – O diagnóstico precoce do autismo pode assegurar menos dificuldade para

a vida adulta oferecendo mais qualidade de vida para a criança?

Diego Mendonça – Sim. Quanto mais cedo o diagnóstico do transtorno do espectro autista, mais precocemente serão indicadas as terapias com a equipe multidisciplinar de profissionais (fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, psiquiatra da infância e adolescência), as quais são fundamentais, juntamente com a participação dos pais e professores da escola, no processo terapêutico, no auxílio e na evolução do desenvolvimento das habilidades sociais da criança. Por isso, orientamos aos pais que ao perceberem um atraso nos marcos do desenvolvimento da criança (atraso na fala, atraso para andar, sentar no berço), dificuldade da interação social, hipersensibilidade a barulhos, presença de movimentos repetitivos, procurem um profissional especializado na área para uma avaliação da criança.

Perfil

Diego Pereira Mendonça
Médico formado pela Universidade Federal da Paraíba – CREMEC 12666
Psiquiatra geral com residência médica pelo Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto – RQE 8646
Psiquiatra da Infância e Adolescência com residência médica pelo Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto – RQE 9631
Preceptor da Residência de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto

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