A pandemia do SARS-CoV-2 (Covid-19) tem causado sérios danos à saúde e ao bem-estar da população mundial. A ciência em si corre contra o tempo para frear a pandemia. E a resposta encontra-se na ciência. Diante disso, o Governo do Estado da Paraíba proporcionou um investimento com cerca de R$ 2 milhões para pesquisadores desenvolverem produtos antivirais ou outros que possam servir como terapia de apoio, ou para diagnóstico e prevenção da Covid-19. Por meio de edital foi escolhido o projeto de iguatuense Elton Brasil.

Elton se debruçou no estudo juntamente com o professor Dr. Helder Alves Pereira, da Universidade Federal de Campina de Grande (UFCG). Motivado pela necessidade urgente de outra metodologia para auxílio no diagnóstico e acompanhamento da Covid-19 nos pacientes infectados, a proposta de ambos busca ofertar por meio de plataforma computacional aberta e gratuita para detecção/diagnóstico rápido do coronavírus a partir de exames de radiografia.

“Com a implementação da plataforma, será possível detectar os casos de pneumonia causados pelo coronavírus, bem como quantificar o grau de comprometimento pulmonar do indivíduo infectado, visualização 3D da imagem da periferia pulmonar contaminada pelo Covid-19; auxiliar no diagnóstico e acompanhamento da Covid-19 nos pacientes infectados por meio de imagens de exames de radiografia, minimizando os custos envolvidos; promover diagnóstico precoce confiável para acelerar o tratamento daqueles indivíduos contaminados para minimizar a cadeira de transmissão do coronavírus e tornar referência a plataforma, aliada à construção futura de um banco de dados, para diagnosticar a Covid-19”, explicou Elton.

Devido ao Brasil não possuir banco de dados desse tipo, a ferramenta pode diagnosticar outras doenças ligadas ao aparelho respiratório dos pacientes. Paraíba e São Paulo foram os únicos do país a incentivarem a ciência no local no enfrentamento ao vírus.

A plataforma será estruturada com técnicas avançadas de inteligência artificial baseadas em deep learning, projetada para simulações de alto desempenho, com respostas em tempo real para acelerar diagnósticos da Covid-19. “Dessa maneira, com a plataforma proposta, por meio de técnicas de inteligência artificial, o resultado poderá ser automático, não invasivo e remoto, ratificando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao distanciamento/isolamento social”, detalhou o iguatuense ao explicar que o método será mais dinâmico em se comparado ao atual ainda manual, burocrático de alto custo e com risco contaminação.

Pesquisa e operação

O edital corresponde a nove meses de pesquisa e desenvolvimento, entretanto, dada a dimensão da gravidade da pandemia, é possível que a plataforma já esteja operando em hospitais e/ou institutos nos próximos quatros meses. Por ser tratar de um software de código livre e licença gratuita, estará disponível na web para interesse público e coletivo, ajudando municípios e estados que carecem de recursos financeiros. “Do mesmo modo que poderá ser integrada e utilizada por órgão públicos e outras áreas de ensino e pesquisa para auxiliar no diagnóstico e tratamento da população por meio de ações de extensão com as comunidades e parcerias com instituições de ensino médio e superior para conhecimento e informação da população. É importante enfatizar que a ‘matéria-prima’ a qual a plataforma proposta fará uso é de baixo custo e fácil acesso, que são imagens de radiografia, mais conhecidas como imagens de Raio-X, o que tornará viável o uso da plataforma”, acrescentou.

O iguatuense afirma que espera se deparar com vários desafios no decorrer da implementação do software, como imagens de Raio-X com baixa qualidade de resolução – o que dificultará o tratamento da imagem – e o processamento de um robusto banco de dados para treinamento dos algoritmos de inteligência artificial, o que demandará custo computacional. “Estamos convictos que a ideia será de relevância social e científica. Lamento dizer, mas com esse ambiente de distopia política e com condições sanitárias precárias, o pior da pandemia ainda está por vir. Teremos uma segunda onda de transmissão pela frente e uma vacina eficaz apenas em meados de 2021. É preciso ações políticas modeladas à luz da ciência. Testar, rastrear, isolar e fazer quarentena, apenas dessa maneira que teremos um ‘novo normal’ em um futuro próximo. Façamos nossa parte, seja cientificamente ou socialmente falando”, concluiu.

Perfil

Elton Brasil da Costa, 29, iguatuense, formação em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica pela UFCG e Yonsei University, Coreia do Sul. Especialista em Inteligência Artificial pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA. Engenheiro Eletrônico da Freehand Engineering, EUA. Colaborador do Jornal A Praça com a coluna quinzenal Ciência com Café.